Por Mons. Rubião Lins Peixoto | ARTIGO
Não há Cristianismo com a ausência do sofrimento. Devemos passar pela sexta-feira Santa para chegar a vitória no domingo de Páscoa. Sendo a Virgem cooperadora com Cristo na redenção, foi a primeira a experimentar as dores e angústias, gerando o novo povo com parto moral. Com o sofrimento, Maria vai ao encontro da humanidade que neste mundo experimenta o caminho da cruz. O Concílio Vaticano II faz uma síntese sobre a participação da Virgem de Nazaré no mistério da salvação: ‘’ Também a bem-aventurada Virgem avançou na peregrinação da fé e conservou fielmente sua união com o Filho até a cruz, onde esteve (Jô 19,25), não sem um desígnio divino, sofrendo profundamente com o seu Unigênito, consentindo amorosamente na imolação da vítima por ela gerada (LG 58).’’ A participação de Maria na redenção é a profunda comunhão dela, não só gerando o Cristo homem , mas como prolongamento do seu ‘’Sim” irrevogável a Deus para que a salvação acontecesse. Assim, a Mãe do Salvador agiu com fé, obediência e amor na vida sobrenatural de todos nós . Os cristãos à luz das Sagradas Escrituras enumeraram as dores de Maria em sete momentos de sua existência : A perda de Jesus no Templo foi uma angústia e uma aflição. A profecia de Simeão expôs que uma espada de dor traspassaria a alma da Virgem por causa de seu Filho Jesus.Aconteceu este anúncio doloroso, quando da ida de José e Maria ao Templo para apresentar Cristo. A fuga para o Egito a fim de que Herodes não martirizasse o Filho, tornou-se uma expatriação. Ainda lembremos a perda de Jesus no Templo aos doze anos, que afligiu Maria por três dias, à procura do Menino. Viu Jesus conduzindo a cruz para o Calvário para o supremo martírio. Ao pé da Cruz, contemplou Aquele que foi traspassado e a espada de dor de que falou Simeão traspassou também o coração da Mãe. Tomou nos braços a Jesus crucificado e morto.Finalmente, a solidão invadiu-lhe a alma, pois deram morte a seu Filho e a saudade se instalou no coração materno.
De pé a Mãe dolorosa, junto da cruz, lacrimosa, via Jesus que pendia. No coração traspassado sentia o gládio enterrado de uma cruel profecia. Mãe entre todas bendita, do Filho único aflita, a imensa dor assistia. Ò santa Mãe, por favor faze que as chagas do amor em mim se venham gravar.
“O mistério da Mãe dolorosa é uma experiência vital para cada cristão, não só pelo conhecimento da história salvífica, mas também como fonte singular de consolação e esperança para o seu cotidiano’’ (D.M.). A hora de Jesus é a hora da cruz e Maria é a primeira a experimentá-la!