*Por Lara Tapety – jornalista CPT/AL
Para fazer memória e por justiça as 500 mil vítimas da Covid-19 no Brasil, a escadaria da Praça dos Martírios, no centro de Maceió, foi iluminada com 500 velas na segunda-feira, 21. O país atingiu esse número pessoas falecidas em decorrência da pandemia no último sábado.
A ação foi realizada em nível nacional. Intitulada “500 velas por 500 mil mortos”, teve sua motivação através do movimento #RespiraBrasil, que reúne quase 300 instituições; entre elas igrejas, organizações baseadas na fé e movimentos sociais.
“Estamos reunindo religiosos, pastores e pessoas que estão aqui porque tiveram seus entes queridos, seus colegas, seus amigos por conta da pandemia. Esse é um encontro de indignação e de esperança. A gente acredita que vamos superar essa fase, mas a gente quer que ela seja acelerada, seja mais rápido possível”, falou o coordenador nacional da Comissão Pastoral da Terra (CPT), Carlos Lima.
As vidas perdidas pela crise em que passa o Brasil foram homenageadas por um minuto de silêncio logo no início e durante a celebração, que contou na sequência com cantos, orações, reflexões bíblicas e, também, políticas.
A organização do ato entende que muitos óbitos poderiam ser evitados se a política do governo federal tivesse priorizado a vida, por exemplo, respeitando as orientações das autoridades internacionais de saúde e garantindo a imunização para toda a população. Assim, a ato também pediu vacinas para todas e todos.
De acordo com o pastor Wellington Santos, da Igreja Batista do Pinheiro, o ato representa a insistência de que as mortes por Covid-19 e pelo que considera “desgoverno”, são sejam naturalizadas como algo impossível de ter sido evitado. Ele explicou que as velas foram acesas não apenas para chorar, mas para trazer à luz de que a morte, o ódio, o negacionismo e a intolerância não vão vencer, porque a civilidade, a fé e a vida existem e resistem.
“Não aceitemos essa violência, essa desgraça pensada, instaurada, porque, junto com a falta de vacina – não vamos esquecer – tem o ataque aos direitos dos trabalhadores, tem o ataque aos aposentados, tem o ataque aos funcionários públicos, tem os desmatamentos e as queimadas destruindo nossa fauna, nossa flora e nossa Casa Comum. São muitos ataques ao mesmo tempo. Mas a luta não acabou e com fé persistente, com fé provocadora, com a fé do Nazareno – que só quem o parou por três dias foi a cruz, mas ele ressuscitou – vamos mudar essa realidade”, disse o pastor Wellington Santos, da Igreja Batista do Pinheiro.
Assinaram a convocação da iniciativa em Maceió a Comissão Pastoral da Terra (CPT), o Conselho Indigenista Missionário (CIMI), o CEBI, as CEBs, a Cáritas, a CRB (Conferência dos Religiosos do Brasil), as Igrejas Batistas do Pinheiro e da Grota da Alegria. Estiveram presentes, ainda, sindicalistas, professores, estudantes e integrantes de movimentos organizados.