A Pastoral Carcerária da Arquidiocese de Maceió lançou na noite dessa sexta-feira (21) o 3° Encontro Regional Nordeste II – CNBB em evento realizado na Universidade Federal de Alagoas (UFAL). O evento contou com a participação de 14 dioceses dos estados de Alagoas, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte.
A abertura do evento contou com uma mesa de discussão que refletiu sobre o tema “Profecia e Missão da Pastoral Carcerária nos dias de hoje”.
A professora Elaine Pimentel, do curso de Direito da UFAL, iniciou sua reflexão falando sobre a falta de estrutura carcerária oferecida pelo Estado.
“Temos a necessidade de fazer discussões sobre o encarceramento e o orçamento público, já que o crescimento da população carcerária tem sido significativo. Porém, o mesmo orçamento que está sendo feito para um presídio para 300 presos está sendo aplicado da mesma forma em um presídio com 1000 presos e tudo isso tem sido tratado como algo normal”, disse.
A professora prosseguiu ainda falando sobre a falta de cuidados com os presos nas penitenciárias alagoanas e brasileiras. Segundo ela, a prisão tem sido muito mais um castigo do que um cuidado com o indivíduo.
“Aqui tem colocado a custódia como castigo, mas custódia é cuidado. E aqui não estamos cumprindo isso. O Estado precisa ser chamado a responsabilidade, pois não tem cuidado dos presos. Outra coisa comum aqui é o Baldomero com 1200 presos conta apenas com seis agentes penitenciários diariamente. Eu fiz uma pesquisa científica sobre as condições de trabalho dos agentes penitenciários e eles estão adoecidos, com sobrepeso, problemas familiares e de saúde. Quando vamos buscar a legislação, a gente procura a função do agente e não existe nada lá”, complementou.
O Padre João Bosco, articulador da região Nordeste II continuou o evento falando sobre a missão da pastoral carcerária e atentou sobre a ineficiência do Estado com o relação aos presídios no país.
“Nosso desejo é que a nossa pastoral não precise mais ir aos presídios, porque lá não é local para as pessoas. Nós buscamos evitar a palavra ressocialização, pois o sistema penitenciário não tem moral nenhuma para educar e ressocializar, pois a custódia não existe e sim a tortura, a violência e o desrespeito. Não existe educador que trate da prisão”, afirmou o sacerdote.
O articulador reforçou ainda a missão cristã da Igreja na Pastoral Carcerária e cobrou alternativas para o trabalho de recuperação de pessoas que se envolvem no crime.
“Nós estamos nas prisões por causa dos irmãos que estão lá e nós queremos tocar na carne de Cristo, mas nós queremos também outras alternativas que o Estado não quer fazer. Nós temos 14 dioceses participando do evento e isso é um grande passo. Teremos pelo levantamento em torno de 100 pessoas neste encontro”, finalizou.
O 3° Encontro Regional da Pastoral Carcerária da Região Nordeste II continuará com sua programação na Casa Dom Bosco, no bairro de Santa Amélia, nos próximos dias 22 e 23 de setembro.
Fillipe Lima / Pascom Arquidiocese de Maceió