Convocando todos a considerar a fome como referência para reflexão e propósito de conversão, a Campanha da Fraternidade deste ano tem como tema “Fraternidade e fome” e o lema bíblico “Dai-lhe vós mesmo de comer!”. A abertura oficial, na Arquidiocese de Maceió, ocorreu neste sábado (25), na Paróquia de Santa Terezinha, no bairro da Serraria.
No Brasil, mais de 33 milhões de pessoas estão em situação de fome, de acordo com a Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional. O país voltou a aparecer no Mapa da Fome das Organizações das Nações Unidas, a ONU, depois de uma década.
“É uma provocação para esse tempo. Nunca foi tão importante e necessário falar sobre a fome que cresce em um volume assustador. ”, disse o arcebispo metropolitano, Dom Antônio Muniz Fernandes.
O metropolita informou que a Igreja de Maceió irá priorizar três ações. “Trabalhar junto às instituições que trabalham com mais vulneráveis, que caminham em comunhão com a Arquidiocese; o café da manhã diário com os pobres, no Santuário da Virgem dos Pobres, com as irmãs carmelitas; e a retomada do projeto Bem-Vindo, Bebê”.
Um dos objetivos é propor aos fiéis um caminho de conversão para não ceder à cultura da indiferença frente ao sofrimento humano, conforme pede o Papa Francisco.
A emergência sobre o assunto fez com que, pela terceira vez, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) assumisse a realização de uma Campanha da Fraternidade que trouxesse luz ao tema, buscando fomentar ações, em todos os níveis, para minimizar os impactos desta realidade na vida do povo brasileiro. Para o vigário-geral, monsenhor José Augusto, esta é a oportunidade para nos posicionarmos diante do testemunho cristão para cultivar nossa experiência fraterna.
“Que nossa oração e jejum nos cultive para a partilhar, estarmos juntos, experimentar o ser cristão. Que o lava-pés e a Eucaristia sejam motivos suficientes para que a gente viva essa campanha da fraternidade. O cristão que diz que isso atrapalha a vida espiritual é porque não experimentou profundamente sair de si e ir ao encontro da realidade do outro”.
Material do Regional Nordeste II
Padre Elison Silva, referencial da arquidiocese para as campanhas da equipe do regional NEII, falou sobre a importância de olhar a realidade local. “Precisamos aprender a não ser indiferentes, pois a nossa sensibilidade passa pela experiência que vivemos”.
“Baseado no texto-base, preparamos um material com o olhar da nossa região”, disse o responsável pelo texto da Via-Sacra do livreto preparado pelo regional.
Ele recordou que Alagoas tem o maior índice de insegurança alimentar da área formada pelos estados da Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte. “Quase 60% dos alagoanos têm a falta de alguma refeição”.
Realidade de todos nós
Marileide de Oliveira estava presente na abertura e sua paróquia, São João Evangelista, no Henrique Hequelman, esteve entre os exemplos citados, de trabalhos já realizados na arquidiocese.
“Uma vez ao mês, são entregues cestas básicas para aproximadamente 44 famílias”, explicou.
Padre Rogério Madeiro, coordenador das Pastorais Sociais, colocou que a fome é um “contra testemunho diante de nós”.
“O Brasil é o maior produtor de alimentos, porém é um dos países onde se mais passa fome”.