Por Suzana Lima | Pascom Arquidiocesana
Domingo 18 de junho, “avancem para águas mais profundas e lançai vossas redes” 9Lc 5,4) foi o tema escolhido para nortear todo o Encontrão Arquidiocesano para Líderes promovido pela Pastoral da Criança e o Encontro aconteceu na igreja matriz São Paulo Apóstolo, no conj. Salvador Lyra em Maceió.
O encontro contou com a participação da coordenadora nacional, Ir. Veneranda Alencar; coordenadora estadual, Maria José Martiniano; e da coordenadora arquidiocesana, Marilene Ozana. Além das coordenações das Dioceses de Palmeira dos índios e Penedo, destaque para a participação do padre Adriano Vieira, administrador paroquial da Paróquia São Pedro e São Francisco.
A Santa Missa, presidida por padre Manuel José, pároco da Paróquia São Paulo Apóstolo, abriu a programação. Padre Manuel José, em sua homilia, destacou a importância do trabalho dos líderes da Pastoral da Criança no cuidado com a vida desde a gestação: “Cuidando da vida ainda quando ela está sendo gestada, cuidando da vida que está para florescer, cuidando da vida para que ela possa crescer e se desenvolver. A palavra de ordem no momento é o cuidado, cuidado com a casa comum, cuidado com a vida em qualquer pedaço que ela esteja, ela deve ser objeto e objeto de atenção”.
Ao final da Celebração Eucarística o sacerdote convidou os membros da Pastoral e a Coordenadora Nacional para apresentar à comunidade, falar da missão e serviço que a Pastoral presta em toda a Igreja, e finalizou os aspergindo com água benta, enviando em missão.
No salão paroquial, a programação seguiu com Marilene fazendo o momento de acolhida aos participantes. No decorrer do encontro, os coordenadores, líderes e apoios da arquidiocese puderam aproveitar momentos de partilha, confraternização e alegria.
A palestra com o tema do encontro foi desenvolvida por Juliene Barros, professora da Universidade de Pernambuco, que fez provocações acerca do trabalho desenvolvido pelos líderes e que eles não devem perder a motivação diante das dificuldades.
Maria Borges da Silva Rodrigues, a presidente do Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente de Alagoas (CEDCA), esteve presente, ela representa pessoa jurídica da Pastoral da Criança no Conselho e dirigiu uma palavra aos participantes. Também estiveram presente, alguns membros da Cáritas Arquidiocesana que ajudou com itens para o almoço servido no encontro.
A partilha da senhora Geralda Correia emocionou a todos, da Paróquia São Pedro e São Francisco. Ela participou da implantação sendo uma das primeiras líderes com atuação na Vila Brejal, em Maceió, sob o comando da irmã Vicência em 1984, onde à época residiam mais de 4 mil famílias, que sobreviviam em estado de extrema pobreza e condições sanitárias inexistentes, em que crianças morriam por diarreia, desnutrição, pneumonia e outras doenças que tinham tratamento simples. Os voluntários identificavam as crianças denutridas e orientavam as mães como preparar o soro caseiro, medida que salvou muitas crianças da morte, em decorrência do extremo quadro de desnutrição, além da preparação e distribuição da multimistura (Composta por farelo de arroz e trigo, folha de mandioca e sementes de abóbora e gergelim, a multimistura é uma fórmula que, nas últimas décadas, revolucionou o trabalho da Pastoral da Criança, reduzindo as taxas de mortalidade infantil e tirando centenas de crianças da desnutrição e risco de morte).
“Quando foi fundada a Pastoral a gente começou a visitar, começou a orientar que as mães fizessem alguma coisa pelos meninos. Apareceu primeiro o soro caseiro e depois de um tempo a multimistura que a gente ajudava muito aquelas crianças ali. A gente pegava a multimistura misturava e pisava e dava para os meninos. A gente pegava o farelo peneirava e o mais fino fazia a multimistura e o mais grosso molhava e colocava nas feridas das crianças”, contou dona Geralda.
Daniel Santos da futura paróquia Santa Dulce dos Pobres, hoje com 22 anos, foi acompanhado desde o nascimento até os 06 anos de idade e graças ao seu Valdomiro e Nauzete, que são líderes na Pastoral da Criança na Paróquia São João Maria Vianney, acompanharam todo o crescimento dele e hoje além de padrinhos o trouxeram para ser mais um a somar no acompanhamento que os líderes fazem junto as famílias mais carentes, o tirando do caminho das drogas.
“A Pastoral da Criança na minha vida e não só na minha vida, mas na vida das outras crianças que eu acompanho junto com eles que hoje eu sou líder, por conta de seu Valdomiro e da Nau eu acompanho muitas crianças necessitadas e hoje eu conheço e era uma delas, dessas crianças. Eu moro na periferia que são muitas pessoas drogadas, que usam drogas e eu não convivi com isso aí, porque eles me fizeram fazer parte da Igreja, me tiraram dessa parte das drogas e fizeram eu ser firme na Pastoral da Criança”.
O senhor Valdomiro Pontes que é líder na Pastoral na Paróquia São João Maria Vianney, contou de sua gratidão por fazer parte da Pastoral a 26 anos e que as tantas famílias assistidas por ele hoje muitas delas estão líderes e apoio no trabalho realizado.
“Quando a gente vê várias crianças que foi pesado com a gente a 26 anos atrás e hoje são líderes da Pastoral, isso é muito gratificante. Você vê famílias que a gente acompanhou, mãe que a gente acompanhou como gestante hoje é da Pastoral da Criança, hoje são membros da Pastoral, são membros, são apoio. Então, isso vale apena o resto da vida e não tem dinheiro que pague isso”, relatou ele.
O pequeno Anthony Christian da Comunidade Mãe Rainha, com 07 anos, agradeceu pelo trabalho da Pastoral desde o ventre materno e apresentou um certificado que recebeu da Pastoral por ser um assistido e que acompanha a mãe que hoje é líder.
Após o testemunho de seu Valdomiro, foi a vez da apresentação teatral dos jovens de sua paróquia, onde eles representaram uma realidade vivida pelas famílias assistidas pela Pastoral da Criança.
Depois de um momento de descontração e alegria, foi o momento de ouvir a palavra da coordenadora estadual Maria José Martiniano que motivou os líderes e apoio a continuarem firmes na missão e pediu que usem o aplicativo desenvolvido para ajudar no trabalho dos líderes e famílias.
“O líder ele tem 3 ações, que são tripé da Pastoral da Criança: Visitar mensalmente à criança e a gestante, nessa visita leva orientações sobre educação, saúde, nutrição. Eles fazem a celebração da vida mensalmente nas comunidades. Nessa celebração da vida eles a cada 3 meses pesa e mede a criança para o acompanhamento nutricional. Também acontece mensalmente brincadeiras, palestras com as famílias, com as crianças, oficinas. Então acontecem várias ações nessa celebração da vida. O terceiro tripé do líder é a RRA (Reunião de reflexão e avaliação) onde eles vão avaliar, os líderes e coordenadores, a atuação durante aqueles meses quais foram os empecilhos, com que parcerias eles têm que contar para resolver algumas situações das famílias”, explicou Maria José.
A coordenadora nacional, irmã Veneranda, destacou a importância do trabalho voluntário de milhares de líderes que atuam na Pastoral da Criança, levando adiante ações de saúde, desenvolvimento, educação e cidadania para as famílias mais pobres.
“O trabalho desenvolvido pela Pastoral da Criança é um trabalho bastante evangelizador, missionário, como os demais trabalhos da Igreja. São Trabalhos sociais em que nós capacitamos lideranças da própria comunidade com todo material e hoje a gente tem um diferencial nesse material, tem um aplicativo que a gente está usando que tem todo material da Pastoral da Criança que facilita a capacitação, facilita com que as mães possam baixar esse aplicativo e possa estar olhando, lendo, aprendendo para melhor cuidar dos seus filhos.
Neste ano acontecerá a celebração com Romaria ao Santuário Nossa Senhora Aparecida que será realizada no dia 09 de setembro. Lá, os agentes irão agradecer pelos 40 anos de criação da Pastoral da Criança.
A coordenadora Arquidiocesana da Pastoral da Criança Marilene Ozana nos falou dos desafios enfrentados durante as restrições enfrentadas na pandemia. Nos contou ainda que com desestímulo de alguns líderes, esse encontrão também serve de motivação, pois a Pastoral atualmente está ativa em 17 paróquias e outra 3 estão se reorganizando para reativa o trabalho.
“Desenvolver o trabalho da Pastoral da Criança durante a pandemia foi assim, um grande desafio e desanimou bastante os líderes. Porque a gente não podia fazer a celebração da vida e não podia estar com aglomerações de pessoas. Aí o que nós fazíamos: comprávamos o lanche que era para a celebração da vida e levava até as famílias o lanchinho de cada criança. As famílias, elas nos recebiam e a gente não entrava nas casas, ficávamos fora e elas dentro e a gente conversava um pouco para saber como estava aquela criança ou a gestante. E foi assim que foi feito durante a pandemia”,
O encontro foi concluído com um almoço para todos os participantes, tudo preparado pela própria Pastoral.