Arcebispo fala sobre os sepulcros da atualidade em homilia da Sexta-Feira da Paixão

A celebração da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo desta sexta-feira (19) na Catedral Metropolitana de Nossa Senhora dos Prazeres, contou com uma homilia reflexiva do arcebispo metropolitano, Dom Antônio Muniz, sobre os “sepulcros” da atualidade.

(Fotos: Wanderlan Veloso – Pascom Arquidiocesana)

O arcebispo falou o momento em que a Igreja vive neste dia. “No início da Quaresma conclamava a Arquidiocese para um grande silêncio e agora estamos aqui com Maria, vivendo mais uma vez esse silêncio de Deus”.

“Na nossa vida, quantas vezes vivemos esses passos da paixão? A doença, a dor e a negação de tanta coisa. Quantas sepulturas se abrem neste mundo?”, e lembrou dos sofrimentos atuais: “Sepulturas no mar do Mediterrâneo, no deserto do Saara, onde os imigrantes tentam fugir de regimes totalitários e quando conseguem chegar à Europa sofrem nas sepulturas da indiferença e discriminação”.

Dom Antônio lembrou um poema de Castro de Alves sobre os negros que morriam na travessia do Atlântico da África ao Brasil. “Deus! ó Deus! onde estás que não respondes? Em que mundo, em qu’estrela tu t’escondes
Embuçado nos céus? Há dois mil anos te mandei meu grito, Que embalde desde então corre o infinito…Onde estás, Senhor Deus?”.

“Quantas sepulturas estão nos prédios que desabam, nas enchentes que carregam a esperança de tantos irmãos e irmãs?”, completou “E nos também colaboramos para essas sepulturas quando nos silenciamos”.

Mas o arcebispo retomou o discurso falando que com Cristo, esse silêncio é diferente. “Traz consigo a Esperança. A sepultura de Jesus era em um jardim que nos remete ao Éden e a uma nova criação. Jesus traz uma nova oportunidade contemplarmos esse novo local de esperança. Que possa gerar em nós o sonho de sonhar”.

Em seguida, a celebração continuou com a Oração Universal, Adoração da Cruz e Rito da Comunhão.

Depois os arcebispos e os fiéis andaram pelas principais ruas do Centro da Capital com a imagem do “Senhor Morto” e Nossa Senhora das Dores. Retornando em seguida para a Catedral onde os fiéis puderam beijar a imagem.

Marcos Filipe – Pascom Arquidiocesana