“Homem das dores habituado ao sofrimento” (Is 53,3)
Por Ir. Vaticano Maria do Santíssimo Sangue de Cristo Deus
Sacrifício é uma virtude que expressa bem à vida de São Pio. Muitas pessoas conhecem esse homem pelo grande e admirável zelo eucarístico que possuía. De fato, sua vida era uma missa e a missa era sua vida. No entanto, muitos não percebem seu grande amor e zelo pelos pobres, pelos doentes. Hoje, gostaria de levar o leitor a refletir sobre isso. Talvez esse amor aos pobres fosse na mesma medida de seu amor pela Eucaristia, pois na mesma medida que amamos a Deus, amamos nosso próximo, segundo a carta de São João.
Em certo momento de sua vida, decidiu construir um hospital que pudesse aliviar a dor e o sofrimento das pessoas, principalmente dos pobres. Surgiu então a Casa Sollievo dela Sofferenza, um hospital que se tornou símbolo do que havia no interior do seu coração: o amor ao próximo.
Sua inauguração ocorreu em maio de 1956. Tornou-se, ao longo dos tempos, um dos mais modernos hospitais da Europa e com fácil acesso aos pobres.
Com efeito, São Pio desejava aliviar o sofrimento da humanidade não por uma filantropia ou utopia, mas porque era um homem que convivia com o sofrimento. Seu corpo carregava as chagas de Cristo, Nosso Senhor, suas mãos, seus pés e seu lado traziam em si os estigmas de Jesus. Isso causava dores corporais e morais terríveis, uma vez que por eles era caluniado e perseguido por muitas pessoas. Talvez, por isso, Padre Pio fosse tão sensível ao sofrimento humano, porque sofria ele mesmo muito. Somente quem sabe lidar com seu próprio sofrimento saberá lidar com o sofrimento do outro. Se eu não entendo qual o sentido do sofrimento em minha vida, jamais conseguirei me compadecer do próximo.
Na regra de vida dos Filhos da Pobreza explica-se qual a inspiração de o escolhermos como nosso padroeiro: “São Pio de Pietrelcina nos inspira ao amor e zelo pelo Mistério Eucarístico e no desejo de aliviar o sofrimento dos pobres.
O nome que nosso patrono indicou para o hospital nos revela que o sofrimento aliviado já é muita coisa que se tornem redenção em meio ao mundo, como o foi na vida de São Pio.
Quando saímos às ruas ao encontro dos sofredores de rua, devemos ter essa consciência de que podemos aliviar as dores corporais dos irmãos com um alimento, uma roupa, um cobertor, assim como aliviar as dores morais por meio de nosso sorriso, nossa companhia e oração por eles. São Pio nos questiona como vivemos nosso sofrimento cotidiano. Ele nos ensina como transformá-lo em sacrifício e tornar sagrada a nossa dor moral e corporal. Desse modo, saberemos acolher os pobres e abandonados que sofrem no corpo e na alma.
Qual é o sentido que você dá ao seu sofrimento?