Micheliny Tenório / Pascom Arquidiocesana
Em sua sétima edição, o evento “Escolhemos a Vida” organizado pela Pastoral da Saúde da Arquidiocese de Maceió, reuniu na manhã deste sábado (04), integrantes desta e de outras pastorais e movimentos da Igreja em um momento de oração em defesa da vida e de esclarecimentos sobre o posicionamento cristão a respeito do aborto.
Conforme a organização, o evento era para ter sido realizado no Dia dos Santos Inocentes, ocorrido no último sábado dia 28 de dezembro de 2019, mas, a pedido do Arcebispo de Maceió Dom Antônio Muniz a data foi transferida para que o mesmo pudesse participar.
Antes de dar início ao evento, integrantes da Pastoral da Saúde distribuíram panfletos com informações sobre a síndrome pós-aborto, consequências à saúde da mulher e a visão cristã sobre a interrupção intencional da gestação. Réplicas de fetos abortados com 12 semanas, feitas em gesso, também foram distribuídas aos transeuntes como forma de despertar uma reflexão sobre o ato, normalmente feito em clínicas clandestinas e que leva muitas mulheres a óbito.
Momento de oração
Como é realizado tradicionalmente todos os anos, o evento iniciou suas ações em frente à Igreja de Nossa Senhora do Livramento, no Centro, com a entronização da imagem de Nossa Senhora dos Prazeres em referência ao centenário da arquidiocese e em seguida os fiéis recitaram o santo terço.
Em seguida, foi veiculado um vídeo com imagens ilustrativas sobre a concepção do ser humano, com a fecundação do espermatozoide junto ao óvulo, e com imagens de fetos abortados.
Padre Cícero Lenisvaldo, capelão da Capela de São Vicente de Paula da Santa Casa de Misericórdia e coordenador arquidiocesano da Pastoral da Saúde, refletiu sobre o magistério da Igreja frente à problemática do aborto. O sacerdote, que foi o idealizador do evento desde a primeira edição, destacou a necessidade e importância do evento.
“A intenção é chamar a atenção da população, sobretudo das pessoas de fé católica, sobre a problemática do aborto. Idealizamos como um dia de oração pelas crianças rejeitadas (abortadas) e também pelas mães que fizeram isso (pois se instala uma crise de consciência muito grande nessas mães) para que o Senhor lhes traga paz e lhes ajude a não cometer mais este tipo de atitude e assim alcancem o arrependimento, a conversão e a salvação e pelas mulheres que são adeptas à ideia do aborto”, disse Padre Cícero.
Sobre a visão da igreja quanto ao aborto, o capelão refletiu sobre o pecado mortal.
“O catecismo da Igreja diz: a vida humana deve ser protegida desde a concepção ao seu término natural. A doutrina ver o aborto como um crime abominável; é um pecado mortal e estar relacionado ao quinto mandamento. Tanto a mãe que pratica quanto aos demais envolvidos no ato caem automaticamente em excomunhão, ou seja, elas se excluem da fé católica, contudo o arrependimento é possível. A Igreja olha para essas pessoas com o olhar de misericórdia esperando que elas reconheçam o valor da vida pelo mistério da encarnação de Jesus”, rezou o coordenador.
Irmã Josielma Pereira, missionária claretiana, que também integra a Pastoral da Saúde descreveu como é realizado o trabalho de conscientização com jovens e mulheres sobre os males ocasionados pelo aborto.
“É um trabalho de conscientização do valor da vida tanto da criança quanto da mãe. Nós escolhemos as duas vidas e a Pastoral da Saúde tem contato direto com enfermos nos hospitais buscando despertar neles o gosto pelo cultivo da vida, desde o âmbito espiritual ao orgânico”, explicou Irmã Josielma.
Neste ano as camisas e artes de divulgação do evento destacaram a defesa da vida da mãe e do feto com o emblema “salve as duas vidas”. Segundo a religiosa, havia críticas ao evento por defender apenas o feto, o que a irmã rechaçou: “sempre defendemos ambas as vidas”.
Visão médica e cristã
A médica Camila Rocha, que faz parte de um grupo de médicos católicos da Capela São Vicente de Paula, falou sobre os entendimentos que a ciência professa sobre o início da vida no útero.
“Cientificamente não existe uma determinação de quando inicia a vida. Existem grupos dentro da ciência que dizem que a vida começa quando ocorre a formação do sistema nervoso e outros grupos, que não necessariamente são religiosos, mas que entendem que a vida começa a partir da fecundação do espermatozoide e do óvulo, que é o entendimento de nós católico, enquanto cristãos”, defendeu Camila.
Conforme a médica, o aborto traz sérias consequências para a mulher e os riscos, inclusive de morte para a mãe, são maiores quanto mais maduro for o feto. Além disso, a mulher que aborta sofre de abalo emocional e pode ter dificuldades para uma futura gestação devido aos problemas ocasionados ao útero com a interrupção da gravidez.
Integrante da Pastoral da Saúde e uma das organizadoras do evento, Joseane Melo, participa desde a primeira edição e dá sua opinião sobre o aborto.
“Não só como cristã, mas como pessoa, temos que defender a vida em todas as situações. Sou totalmente contrária ao aborto e em favor da vida. Pelo o que acompanhamos ao longo desses anos, escutando casais e mulheres, a prática do aborto é um momento de desespero devido às mudanças que são trazidas com uma criança, à falta de acolhimento do esposo e da família”, disse Joseane ao lembrar emocionada de uma amiga que passou pela experiência do companheiro pedir para abortar o feto e que esta amiga decidiu pela gestação e contou com o apoio do filho mais velho.
Após o momento de oração, os fiéis saíram em procissão até a Catedral Metropolitana de Maceió onde foi celebrada a santa missa presidida por Dom Antônio Muniz, que destacou em sua homília o nascimento de Jesus pelo olhar do presépio feito por São Francisco de Assis.
“São Francisco colocou Maria, José, os Reis Magos e os pastores numa posição voltada para o Menino Jesus e com as cabeças de lado simbolizando o momento de escuta. E esta mensagem que o santo nos passa: devemos aprender a escutar a Deus e que Jesus ao nascer de uma mulher foi uma valorização da vida, pois é um dom de Deus”, refletiu o arcebispo.
Planejamento familiar
Padre Cícero Lenisvaldo esclareceu a visão da Igreja frente ao uso de contraceptivo, que é proibido pela doutrina católica, buscou baseado no Livro do Gênesis, no trecho “crescei, multiplicai e dominai a Terra”, mas que um casal cristão pode fazer seu planejamento familiar baseado no método de ovulação billings.
“Usamos o conceito de planejamento familiar natural, ou seja, para planejar a família o casal deve procurar utilizar métodos naturais e não os contraceptivos, por que o anticoncepcional é imoral, não é conforme a nossa fé. A igreja recomenda o Método de Ovulação Billings que foi desenvolvido por um casal de médicos católicos, que não é um contraceptivo, trata-se de um método de espaçamento entre uma gestação e outra e de fácil aprendizagem”, explicou o sacerdote.
O capelão informou que todas as quartas-feiras à noite, após a missa na Capela de São Vicente de Paula na Santa Casa de Misericórdia de Maceió, casais que fazem uso do método natural concedem orientações para outros casais que queiram fazer uso.