Marcos Filipe/ Jornalista/ Pascom Arquidiocesana
Os bispos do Regional Nordeste II, que estão na capital alagoana para a abertura oficial da Campanha da Fraternidade deste ano, visitaram na tarde desta quinta-feira (27) os bairros do Pinheiro, Mutange e Bebedouro.
O arcebispo metropolitano de Maceió, Dom Antônio Muniz, explicou que foram os próprios bispos que pediram a visita. “Eles souberam do que está acontecendo e vieram conversar com as pessoas, e prestar solidariedade”, explicou.
O metropolita falou da presença da Igreja nessas comunidades. “As pessoas permanecem firmes e fortes em oração, e estamos dando toda assistência necessária”.
O grupo percorreu as ruas, conversaram com os moradores que ainda estão nos bairros, ouviu relatos, e algumas cenas chamaram a atenção, como explicou o presidente do Regional, o bispo de Garanhuns, cidade pernambucana, Dom Paulo Jackson.
“Em uma casa estava escrito ‘Aqui morou uma família’, em outra a palavra ‘Justiça’. Isso tocou meu coração. São pessoas que estão deixando suas vidas, seus sonhos, sem a perspectiva de um futuro”, explicou.
Ele explicou que o nosso olhar não seja apenas de solidariedade, mas também um olhar institucional. “A natureza cobra os anos de exploração indevida, que levaram a essa situação. E devemos estar atentos, enquanto pastores, para cobrar medidas e providências necessárias para essas famílias”.
Entenda o que está acontecendo
No ano de 2018, os moradores do bairro do Pinheiro, em Maceió, sentiram tremores no solo, e depois de alguns minutos, rachaduras começaram a surgir nas ruas e imóveis.
O caso foi tratado como um fenômeno natural, mas estudos de um professor da Universidade Federal de Alagoas (UFAL) apontou que uma das causas do abalo e do surgimento de fissuras, era causado pela extração mineral de salgema, por uma empresa privada.
Nos últimos anos, o problema se alastrou para os bairros vizinhos, Bebedouro, Mutange e Bom Parto, onde até sal estava surgindo nas paredes.
Após um ano de estudo, especulações, e interferências do Estado, o Serviço Geológico do Brasil (CPMR) emitiu um laudo, mostrando que o problema era causado pelas minas de salgema.
Um processo no Judiciário iniciou um acordo com as famílias afetadas e a empresa, para o pagamento de indenizações. Moradores reclamam que o processo está lento, e temem que um desastre ocorra. As casas nas áreas de risco, não poderão ser mais habitadas.