Arcebispo metropolitano de Maceió, Dom Antônio Muniz Fernandes – O.Carm., divulgou, nesta sexta-feira, 03, uma nota de repúdio ao STF – Supremo Tribunal Federal, contra as razões da ADPF (Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental) 442, e a tentativa de descriminalizar o aborto até a 12ª semana de gestação.
As audiências públicas do STF acontecem nesta sexta-feira, 03, e na segunda-feira, 06, a ministra Rosa Weber, que conduzirá as audiências, ouvirá 45 exposições sobre o tema. Na ocasião serão ouvidos especialistas de áreas da saúde, entidades religiosas e de direitos humanos.
Confira na íntegra.
Nota de repúdio contra a descriminalização do aborto
“Eu te propus a vida ou a morte; escolhe, pois, a vida” (Dt 30,19)
Irmãos e irmãs,
A vida humana está em constante ameaça, por diversos fatores.
A vida é a nossa primeira vocação!
A Arquidiocese de Maceió repudia veementemente qualquer iniciativa contrária à vida humana, como a convocação feita pelo Supremo Tribunal Federal das audiências públicas que acontecem nesta sexta-feira, 03, e na segunda-feira, 06 de agosto, sobre a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental 442, que solicita ao Supremo Tribunal Federal a suspensão dos artigos 124 e 126 do código penal que caracterizam o crime de aborto. Alegando a sua inconstitucionalidade. É importante salientarmos que essa tentativa de descriminalizar o aborto até a 12ª semana de gestação fere os princípios da fé cristã, tendo em vista que somos a favor da vida.
O homem não tem em hipótese alguma o direito de destruir a vida, por isso qualquer prática contrária à vida vai de encontro a nossa fé e abala a estrutura da família, como célula da vida na sociedade.
O Papa Francisco recentemente comparou o aborto ao que acontecia na época do nazismo: “no século passado, o mundo todo se escandalizou com o que faziam os nazistas para cuidar da pureza da raça. Hoje fazemos o mesmo, mas com luvas brancas de ferro. Está na moda, é habitual. Quando na gravidez, se a criança não está bem ou vem com alguma anomalia, a primeira oferta é: ‘tiramos’? O homicídio das crianças.”
O eloquente preceito que recebemos das Sagradas Escrituras, “escolhe, pois, a vida” (Dt 30,19), nos mostra que precisamos garantir o direito à vida nascente. A Igreja defende que todos igualmente se empenhem em prol de assistências sociais, psicológicas e espirituais às mulheres que engravidam, em situações indesejadas e adversas, para que tenham condições de gerar, dar à luz e criar seus filhos e filhas com maternal sabedoria e dignidade.
Há 04 anos, geralmente nos meses de dezembro ou janeiro, temos manifestado publicamente nosso compromisso com a vida e contra a cultura da morte dos nascituros, através do encontro “Escolhemos a vida”, que é uma iniciativa com bom êxito da Pastoral da Saúde. E que deve ser cada vez mais fortalecida como um sinal de unidade na luta em defesa dos indefesos.
Convidamos também, para o “Ato nacional em defesa da vida no ventre” que acontecerá no próximo domingo, 05, em frente ao antigo Alagoinhas, na Praia da Ponta Verde. Este movimento ganha força e reúne membros de diversas igrejas cristãs em Maceió. Os católicos são convidados a participarem dessa ação de unidade em defesa da vida.
Conclamamos, como verdadeiros filhos e filhas de Deus, o Clero, nossas Paróquias, Comunidades, Movimentos, Pastorais e Organismos, Vida Religiosa e Consagrada, lideranças religiosas, políticas e sociais a se unirem em defesa da vida. Respeitando assim, o direito básico e fundamental de toda criatura humana.
Invocamos a proteção de Nossa Senhora dos Prazeres e peçamos ao Deus da vida que nos inspire em palavras e ações para defender a vida onde se encontra ameaçada.
Maceió – AL, 03 de agosto de 2018
Dom Antônio Muniz Fernandes, O.Carm.
Arcebispo metropolitano de Maceió