Mons. Rubião Lins Peixoto | Paróco da Paróquia
Nossa Sra. de Lourdes – Gruta e curado da Covid-19
O título acima leva-me a primitiva oração de súplica, da primitiva cristandade. Escavações arqueológicas encontraram a primeira oração dirigida a mãe de Deus, por volto do segundo ou terceiro século.
“À vossa proteção recorremos, santa Mãe de Deus;
não desprezeis as nossas súplicas em nossas necessidades,
mas livra-nos sempre de todos os perigos,
ó Virgem gloriosa e bendita.”
Tomei esta súplica para mim, pois julguei que a minha vida humana ia chegando ao fim. A COVID-19 nos leva ao abandono, a solidão e o despojamento total. Ninguém pode visitar-nos, todos os demais são estranhos. Que doença terrível meu Deus. Mais uma vez invoquei Aquela que é a porta do céu e a saúde dos enfermos.
Mesmo com a equipe médica ao derredor, nada sei o que se passava. A porta do céu, minha Mãe, a Virgem Maria, que nos trouxe o céu, Jesus Cristo, e conforta os enfermos como outrora na cruz redentora, ficamos nós dois… Colo de Mãe e manto aquece os filhos. Passado o momento do abandono, procurei mesmo confusamente refletir.
É inútil querer celebrar o Domingo de Páscoa sem passar pela Sexta-feira Santa. Cada vez que celebro a Eucaristia, o Senhor Jesus usa de meus lábios dizendo: “este é Meu Corpo que será dilacerado por vós, este é o Sangue derramado por vós”, devo ser sacerdote e vítima ao mesmo tempo, a maneira de Jesus, e não apenas como sacerdócio mosáico.
O sacerdote do Antigo Testamento sacrificava os animais, o padre deve sacrificar-se. Somente Jesus Cristo é o Cordeiro de Deus e é este sacerdócio no qual somos participantes.
Há uma antiga frase: “A Jesus por Maria”.
É impressionante a nossa confiança na maternidade eclesial da Mãe do Senhor, na cruz nasce a Igreja e com ela o presente materno-filial ao tempo que Nosso Senhor nos dá o presente e a presença de sua própria mãe como nossa. João evangelista, sacerdote mais jovem do colégio apostólico, foi lhe dado cuidar de Maria, para que ela cuidasse de nós. Na vida do padre, Nossa Senhora é o referencial feminino de sua vida consagrada. Os pais cristãos ensinam aos filhos pequeninos a dizer: “bênção Mamãe do céu”. Agente cresce com essa formação, na certeza de que a Mamãe celeste está atenta a tudo que se passa na Igreja, até que um dia passemos o tempo para a eternidade, momento em que ela, porta do céu, nos apresenta ao seu Filho Jesus.
Gostaria de ter transmitido aos meus leitores um breve relato dos momentos difíceis que passei. Dirijo-me ao que chamamos hoje de irmão evangélicos: voltem para casa! Para sentar-se à mesma mesa, onde a Mãe, aquela que nos deu o Pão da Vida, nos alimente ainda nessa caminhada humana.
“É tempo ainda para o retorno.
Sintam o meu sentimento.
Mesa sem mãe é ausência de alimento.
Ame aquela que Jesus nos deu. “Eis tua mãe.”