Thiago Aquino – Pascom Arquidiocesana
O clero da Arquidiocese de Maceió esteve reunido na manhã desta segunda-feira (14), na Solenidade da Exaltação da Santa Cruz, para a Missa do Crisma. A celebração, que acontece na Semana Santa, foi adiada devido à pandemia da Covid-19, causada pelo coronavírus. O arcebispo metropolitano de Maceió, Dom Antônio Muniz Fernandes, O.Carm., presidiu a Missa e a benção dos santos óleos na Catedral Metropolitana Nossa Senhora dos Prazeres.
Tradicionalmente, além dos padres, muitos fiéis acompanham a celebração durante a manhã da Quinta-feira da Semana Santa, mas por causa da pandemia a celebração aconteceu de modo diferente. Os sacerdotes utilizaram máscara e álcool em gel. A maior participação dos fiéis foi de forma virtual com a transmissão pelas mídias sociais da Arquidiocese de Maceió e através da Rádio Imaculada 92,3 FM.
Durante a homilia, Dom Antônio Muniz falou ao clero sobre o que chamou de “um quadro triste” e que, providencialmente, recebe a orientação do profeta Isaiás na liturgia desta segunda-feira: curar as feridas.
“Há dioceses que tem participado e vivido realmente a cruz e espada, porque muitos sacerdotes abandonaram os presbitérios, uns não aguentaram e outros tomaram um caminho fruto de um comportamento depressivo que foi o suicídio. São pessoas detentoras de cargos importantes, mas também das comunidades. Então são pontos que precisamos refletir e devem estar presentes em nossa oração. É importante lembrar que só podemos enfrentar noites escuras da nossa fé e da nossa existência se for com a ajuda de alguém. Sozinhos nós não damos conta de suportar a dor e a escuridão das cruzes que o momento atual reserva para todos nós”, pontuou dom Antônio.
“Não sejamos arrogantes de pensar que sozinhos nós vamos sair das dificuldades nas quais estamos envolvidos, pois só sairemos com ajuda de Deus em primeiro lugar e com ajuda dos outros”, enfatizou o arcebispo. O presidente da celebração reforçou que as situações exigem uma decisão de encontro: “É preciso que a gente esteja disponível para que o outro possa nos ajudar nesta adversidade da cruz. Peço que nem sejamos arrogantes de não querer receber ajuda nem sejamos egoístas de não querer ajudar”.
Dom Antônio recordou São João da Cruz para alertar sobre o cuidado de não fazer da fé uma “religião de sentimentos”. “Estamos aos pés do monte onde habita Deus, porém até chegar lá são sucessivas noites escuras que nós estamos passando e vamos passar. Portanto, não se deve promover uma religião de sentimentos, com enfeites e falsas promessas. Quando iludimos o povo a não sentir que a fé dói e que a subida da montanha dói, maltrata e nós ficamos no oba oba do glória, isto é falsidade, isto não é pregação cristã. A montanha habita o Deus da Verdade e não o Deus na fantasia. Vejamos o exemplo de Maria que foi também a mulher do grande silencio, pois estamos vendo o mundo que tem medo do silêncio, tem medo da cruz”, falou.
Ser testemunha do amor de Deus também foi um aspecto apontado pelo arcebispo durante a homilia. “Quantas alma feridas por nossas palavras, gestos, rebeldia e arrogância de não querer ajuda de ninguém? ‘aqui não entra ninguém, aqui é só eu e mais ninguém’, a não ser que for aquele que confirme o que se está pensando, se for contrário, é inimigo, está sendo perseguido e assim por diante… Então, neste dia, vamos consagrar estes óleos para que em nossas mãos tenham o cheiro do bálsamo para ungir a vida ferida de tantos irmãos e irmãs. Peçamos a Deus que nos dê esta graça”, finalizou.
Após a homilia, a celebração seguiu com a bênção do óleo dos catecúmenos e dos enfermos, a consagração o óleo do Santo Crisma, a renovação das promessas sacerdotais e a Liturgia Eucarística.
A Missa também foi concelebrada pelo vigário-geral da Arquidiocese de Maceió, Dom Genival Saraiva. Cônegos, monsenhores, padres, religiosos e diáconos da capital e do interior participaram da celebração. A celebração também contou com a participação dos seminaristas do Seminário Arquidiocesano Nossa Senhora da Assunção e do Seminário Menor São João XXIII, de Marechal Deodoro.
Após a celebração, os sacerdotes pegaram a porção dos óleos na Cúria Metropolitana para a prática dos sacramentos dos fiéis nas paróquias e comunidades.