Como viver a oração no cotidiano da vida?

Todos sabemos que a oração é importante. Ao mesmo tempo, todos sabemos que nem sempre é tão fácil rezar de verdade.

Por Cankin Ma Lam | A12.com

(Fotos: Reprodução Internet)

Um dos primeiros livros que li sobre vida espiritual afirmava algo desconcertante. O autor evidencia como, muitas vezes, o cristão, embora sabendo na teoria a importância da oração, experimenta uma grande dificuldade para dedicar-lhe tempo. Descrevia como, para muitos, no tempo destinado à oração vêm à mente tarefas que, nesse momento, aparecem com urgência quase absoluta, junto de outros afazeres que se apresentam como mais úteis ou prazerosos. Ironicamente, ao acabar o momento de oração, o orante percebe que, na verdade, aquelas coisas não eram tão importantes nem atrativas assim.

Por que, então, começar falando nas dificuldades para a oração? Pois bem, antes de pensar em formas de achar espaços para a oração na nossa rotina (seja no trabalho, na escola, nos tempos livres), é necessário dar uma olhada ao lugar da oração na vida.

O Catecismo (nº 2558) introduz sua última parte indicando a síntese da fé, que o cristão crê, celebra e vive “numa relação viva e pessoal com o Deus vivo e verdadeiro. Esta relação é a oração”.

Eis um ponto de referência fundamental: a oração é uma relação. Vejamos 3 pontos de aproximação oferecidos aí mesmo.

  1. A oração como dom de Deus

Às vezes cremos que a oração começa pela nossa opção, pelo nosso desejo de buscar a Deus. Mas na verdade, é Deus quem experimenta por nós um desejo ainda maior do que o nosso ou de que podemos descrever. O Catecismo (nº 2560) cita Santo Agostinho e afirma que “a oração, saibamo-lo ou não, é o encontro da sede de Deus com a nossa. Deus tem sede de que nós tenhamos sede Dele”. O primeiro ponto de aproximação é a certeza de que a oração chega antes de mais nada como um dom para nós.

  1. A oração como Aliança

“A oração cristã é uma relação de aliança entre Deus e o homem em Cristo” (Catecismo nº 2564). Já dissemos que a oração é uma relação. Pois bem, não é uma relação flutuando no ar, sujeita à arbitrariedade do contexto no qual tentamos rezar. Para o cristão, esse relacionamento acontece como união da realidade humana e divina na Encarnação de Cristo. Cristo, totalmente Deus e totalmente homem, consuma a relação à qual abrimo-nos pela oração.

  1. A oração como comunhão

Definitivamente, “a vida de oração consiste em estar habitualmente na presença do Deus três vezes santo e em comunhão com Ele” (Catecismo nº 2565). O que dizem estas 3 aproximações às nossas tentativas (mais ou menos efetivas) de viver a oração no cotidiano da vida?

Pois bem, o Catecismo (nº 2697) deixa uma última chave para captarmos de que se trata a relação que é a oração: “não se pode orar ‘em todo o tempo’, se não se orar em certos momentos, voluntariamente: são os tempos fortes da oração cristã, em intensidade e duração”.

Como quando mantemos um relacionamento à distância. Se ele não tem na base uma experiência viva e forte, murcha muito rápido. Mas, na medida em que está nutrida de “tempos fortes” em “intensidade e duração”, nem precisamos pensar muito para encontrar os meios adequados para sermos alcançados pela força dos vínculos gerados por essa relação.