Com o tema “Ecologia Integral: cuidar dos pobres, da terra, das matas e das águas”, a 33ª Romaria da Terra e das Águas ocorrida em Alagoas contou com mais de 20 caravanas vindas do Sertão, da Zona da Mata e do Litoral do estado e romeiros da Paraíba. Aproximadamente 1200 pessoas estiveram na caminhada.
A programação começou na noite do sábado, 7, com a Santa Missa no Alto do Cruzeiro de Murici/AL. Estiveram presentes os padres Rogério Madeiro (Paróquia Imaculada Conceição – Jacintinho), que presidiu a eucaristia; Gilvan Neves (Paróquia Nossa Senhora da Graça – Levada); Raul Moreira (Área Pastoral Nossa Senhora de Fátima – Rio Largo); Marivaldo da Conceição (Paróquia São José Operário – Fernão Velho); e Geison Araújo (Paróquia Nossa Senhora da Graça – Murici), sendo este último o anfitrião da romaria.
A homilia foi feita a partir do evangelho de Mateus (2:9): “E, tendo eles ouvido o rei, partiram; e eis que a estrela, que tinham visto no oriente, ia adiante deles, até que, chegando, se deteve sobre o lugar onde estava o menino”. Assim como os magos tiveram que se curvar diante do menino Jesus, foi feito o convite para que as pessoas também se deixem dobrar para seguir essa estrela, que é luz e guia, para a ecologia integral. “Sejamos luz também no caminho do outro”, refletiu o padre Gilvan.
Depois da celebração, os romeiros e romeiras partiram numa caminhada de 9km até o acampamento Bota Velha. No percurso, houve três paradas com momentos reflexivos sobre cada cuidado explícito no tema da edição.
Na primeira parada reflexiva, sobre o cuidado com os pobres, houve a doação de alimentos do MST para a comunidade do bairro do Cajueiro.
A dirigente do MST, Margarida Maria (Magal), resgatou a importância da solidariedade durante a pandemia da Covid-19: “Enquanto milhões de brasileiros passavam fome e milhares morriam por causa do vírus, nós, nosso movimento e várias organizações do campo que luta pela terra e pela reforma agrária no estado e no país, compartilhamos aquilo que temos de melhor, que é o fruto da nossa luta da luta pela terra”.
Na segunda parada, a juventude camponesa fez uma bela encenação teatral sobre o cuidado com a terra.
Já na terceira parada, no acampamento Mumbuca, bem perto de Bota Velha, cuidado com as matas e com as águas foi abordado simbolicamente com a plantação de uma muda de árvore. Outras 33 mudas foram plantadas na área representando a quantidade de romarias realizadas em Alagoas.
Chegada à Terra Prometida – Com o povo celebrando a alvorada, a chegada ao destino foi marcada pela emoção do canto Migrante, de Zé Vicente. Já no acampamento Bota Velha, os participantes da caminhada foram recebidos com um grande café da manhã camponês oferecido pela comunidade.
A 33ª Romaria da Terra e das Águas foi encerrada com a partilha de 5 pães e 2 peixes preparados pelas mulheres de Bota Velha. O momento simbolizou a multiplicação dos pães e peixes por Jesus Cristo: “E Jesus tomou os pães e, havendo dado graças, repartiu-os pelos discípulos, e os discípulos pelos que estavam assentados; e igualmente também dos peixes, quanto eles queriam” (João 6:11).
Para Maria Quitéria, liderança da comunidade, foi gratificante receber a caminhada. “É gratificante caminhar e fazer de conta que somos o povo de Moisés, o povo da Terra Prometida, que andou 40 anos, e a gente está 22 anos caminhando também”, disse.
Essa edição foi realizada em articulação conjunta da Arquidiocese de Maceió, Comissão Pastoral da Terra (CPT), Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), Cáritas Brasileira, Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Atos 28, Pachamama e Misereor.