Por Mons. Rubião Lins Peixoto
Iniciando o mês vocacional, agosto, e na proximidade da memória de São João Maria Vianey, o padroeiro do clero, o domingo que se segue celebra-se a vocação sacerdotal. Cabe assim a nós sacerdotes fazer uma reflexão sobre a nossa vocação. Fomos escolhidos por Deus para estar a serviço de seu povo. A Virgem Maria tem uma profunda relação conosco porque mãe do sumo e eterno sacerdote, Jesus Cristo! O qual transmitiu a homens seus poderes de: Consagrar, Perdoar e Ungir. Maria ofereceu a Cristo a natureza humana, tornando-se assim mãe do nosso sacerdócio. Do Sacerdote, São João Vianey dissera: ‘’O padre é alguém grande, pois com duas palavras ele faz Nosso Senhor descer do céu para o seu povo’’(a consagração do pão e do vinho).
O Sacerdote da Nova Aliança, Jesus Cristo, ofereceu ao Pai o seu corpo e seu sangue no calvário tendo ao seu lado sua Mãe. O sacrifício foi com valor infinito. Entre o segundo Adão e a segunda Eva (Cristo X Maria), a nossa redenção custou sangue. A Virgem esteve presente à primeira e única missa, com especial participação. Simeão no Templo quando Maria apresentava Jesus, ainda criança, profetizara: ’’Uma espada de dor traspassará tua alma’’ (Lc 2,35). O articulista Cipriano Rodrigues escreveu: ‘’A presença de Nossa Senhora no Calvário é algo tão grandioso que nenhum sacerdote deveria jamais esquecê-la ao celebrar a Eucaristia sacrifício e sacramento’’.
O Sangue e a Carne de Jesus, presentes na Consagração, nos foi dado pela Virgem Maria. Santo Agostinho não duvidou quando afirmara: ‘’Carne de Cristo é Carne de Maria, Sangue de Cristo é Sangue de Maria’’. O Sacerdote Jesus Cristo esmagado pela dor física no altar da Cruz , vendo sua mãe triturada na dor moral disse para ela: ‘’Mãe, eis o teu filho’’ (Jo 19,2), e olhando para João disse: ‘’Filho, eis aí tua Mãe’’ . Sendo cada Missa a única Missa, todo Sacerdote parece ouvir no altar o eco das mesmas expressões. Assim como Nossa Senhora esteve ao pé da Cruz, continua ela no altar da Missa animando cada filho padre. Não há que separar o padre de Maria. Ela gerou o Cristo Sacerdote, e cada Sacerdote participa dos poderes Sacerdotais de seu Filho. Ela que está identificada com o Sacrifício da Cruz, não menos acompanha cada Sacerdote que foi ungido para celebrar o Sacrifício.
São João Evangelista, o mais jovem padre do Colégio Apostólico, tomou consigo o encargo de levar Maria para sua casa (cf. Jo 19,27) Hoje é cada Padre que deve tê-la ao seu lado. Já não há vazio na vida e no Ministério Sacerdotal, Mãe e filho se integram no afeto materno-filial. O grande papa Paulo VI, falando aos sacerdotes, disse há 15 de agosto de 1963: ‘’Maria é um exemplo estupendo da entrega total a Deus; é para nós, não somente o exemplo, senão a garantia de sermos sempre fiéis à consagração que fizemos a Deus de toda a nossa vida’’. Sempre juntos estão: Cristo Eucaristia, Maria e o Padre.
Aos meus irmãos sacerdotes, os parabéns e o desejo de chegarmos juntos um dia à eterna pátria onde contemplaremos Jesus e Maria.