Maria José Cavalcante trabalha com famílias camponesas no assentamento Flor do Bosque
Por Marcos Filipe
Jornalista e Comissão Arquidiocesana
“Quem traz na pele essa marca possui a estranha mania de ter fé na vida”. São com essas palavras de Milton Nascimento que falo sobre Maria José Cavalcante, alagoana homenageada no último final de semana pela Organização das Nações Unidas (ONU) através do Prêmio Mulher de Coragem.
Assim como na canção, uma das líderes do Assentamento Flor do Bosque, localizado na cidade de Messias, sempre teve sonhos, e junto com a sua comunidade, os realizou.
Filha de trabalhadores da cana de açúcar, ainda jovem, entrou na Comissão da Pastoral da Terra e do Movimento de Mulheres Trabalhadoras Rurais. Continuou os estudos, se tornou técnica agrícola e seus sonhos chegaram até o Haiti, onde em 2010, participou de uma comitiva que foi ao país ajudar a população a reconstruí-lo após um grande terremoto.
E assim como a Maria da canção, ela teve força e raça, para lutar pela sua comunidade, lutando contra fazendeiros, pistoleiros e até a força policial, para ter um pedaço de terra para viver e morar com os seus.
E no último sábado (30), ela recebeu o prêmio da Unanima International devido aos seus trabalhos realizados na comunidade. “Essa não é apenas a minha história, mas de todas as mulheres que vieram antes de mim. É a certeza de que nada foi em vão”.
“Além do trabalho com os camponeses, também combatemos a violência contra as mulheres. Mostramos a importância de recomeçarem a suas vidas e de que elas não estão só”.
Toda a comunidade se reuniu para ver Maria sendo homenageada. “Ser mulher é sinônimo de luta, de coragem”, completou.
Conversando com Jean Quinn, diretora executiva do órgão internacional, ela falou sobre o poder feminino na sociedade. “O trabalho realizado por ela [Maria] é símbolo de como as mulheres se tornaram lideranças em todo o mundo. Fazem parte de uma força capaz de mudar não somente os que estão ao seu redor, mas a sociedade”.