“Houve um grupo grande no colégio Madalena Sofia, mas também em outras foranias do interior da Arquidiocese, que se reuniram para celebrar a solenidade de Cristo Rei, lembrando que todos somos chamados para sermos portadores da esperança”, afirmou Dom Beto.
Por Mariane Rodrigues | Jornalista – Setor de Comunicação
Respeitando o espírito da sinodalidade, o encontro que celebrou Cristo Rei do Universo na Arquidiocese de Maceió contou, neste ano, com o envolvimento e partilha de todas as Foranias da capital representadas por suas Paróquias.
O evento aconteceu na Quadra do Colégio Santa Madalena Sofia, no Farol, no último domingo (24), quando finalizou o calendário litúrgico do Tempo Comum, momento em que Cristo é proclamado como Rei do reino de Deus, dando início ao Advento, que antecede ao Natal.
A liturgia do Cristo Rei remete ao Cristo diante de Pilatos, quando este pergunta ao Senhor: “Logo, tu és rei?”. E Jesus responde: “Eu para isso nasci e para isso vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade. Todo aquele que é de verdade ouve minha voz”.
Reafirmando que há um reino de Cristo, Jesus reforça que o seu reino não é como aqueles deste mundo ou ele não seria entregue aos judeus. Sendo ele o reino da verdade, da paz, do amor, da fraternidade, da misericórdia e da esperança a quem todos devem buscar.
Para o arcebispo da Arquidiocese de Maceió, Dom Beto Breis, a liturgia mostra que o reinado de Cristo se desprende de esplendor e se veste de humildade e amor.
“A liturgia mostra Cristo diante de Pilatos. No momento de dor, de sofrimento, de humilhação, o reinado de Cristo não é dentro das categorias de mundo. As vezes quando pensamos em Cristo Rei, pensamos em coroas de ouro, em vestes esplendorosas, mas ele se desvestiu e na sua humildade nos resgata, nos dá vida, porque o que salva é o amor. Então ele é o rei pelo amor, pelo serviço e vai nos ensinar a entrar nessa lógica: no seguimento de Jesus, de sermos também nós participantes do seu reino de Paz, Justiça e Fraternidade”.
Para Dom Beto Breis, este ano, o encontro para celebrar o Cristo Rei teve uma organização especial que pode unir, de forma consistente, todas as paróquias da capital, por meio de suas foranias.
As Foranias foram instituídas em novembro de 2023 e, após reformulação, hoje totaliza 12 em toda Arquidiocese, sendo 06 na Capital. Cada uma delas reúne e coordena um conjunto de paróquias de determinados bairros da cidade. No interior, cada forania representa um grupo de igrejas das cidades de uma região. Com isso, a capital teve uma grande celebração única do Cristo Rei.
“Houve um grupo grande no colégio Madalena Sofia, mas também em outras foranias do interior da Arquidiocese, que se reuniram para celebrar a solenidade de Cristo Rei, lembrando que todos somos chamados para sermos portadores da esperança”, afirmou Dom Beto.
Padre Márcio Fabiani, vigário Forâneo da Forania Nossa Sra. das Dores, lembrou a aproximação do Jubileu, celebrado a cada 25 anos e que será vivenciado no próximo ano pelos fiéis. Com isso, segundo ele, a Igreja promove a sinodalidade, a criação de laços, o sentido da comunhão e a partilha entre todos – leigos e consagrados.
“Por isso, a ideia deste ano foi realizar este grande encontro de Cristo Rei, que antes era nível de toda Arquidiocese, agora estamos vivendo ele por foranias, para que haja um envolvimento maior de todas as paróquias e de fato a alegria de podermos conviver com os paroquiados. Por forania, escutamos mais, partilhamos mais e assim resolvemos fazer essa mudança no nosso Cristo Rei desse ano. É isso que queremos. Vivermos a comunhão, a unidade e, principalmente, conhecer uns aos outros”, considerou Padre Márcio.
A coordenadora da Renovação Carismática Católica (RCC), Eliane Noronha levou aos fiéis a mensagem de que o Senhor deve ser o centro na vida de todo aquele que nele crê, palestrando com o tema: “Alegres na esperança e perseverante na oração”.
“Nesse dia trabalhamos aquilo que está em Romanos 12,12 – alegres na esperança e perseverantes na oração. Nós também podemos partilhar sobre o senhor que deve ser o centro de nossa vida e da nossa história. A mensagem que eu levo desse dia é justamente essa: que como cristã, leiga, eu preciso sempre deixar que o senhor ocupe o centro da minha vida, da minha história, para que eu possa fazer com que minha missão tenha de fato sentido”, declarou ela.
A presidente do CNLB da Arquidiocese, Maria Ibelza, lembrou que o dia 24 de novembro também é o dia Nacional do Laicato no Brasil, comemorado desde 1991 na Solenidade de Cristo Rei. Para ela, isso representa a importância dos fiéis para também propagarem a Palavra de Cristo e difundirem o Reino de Deus.
“É o dia que se manifesta o laicato para dizer que ele [cristão leigo] está em toda a Arquidiocese, porque ele é o braço direito dos padres, da Igreja, para difundir o reino de Deus, o testemunho deles [leigos e leigas] como cristão desse mundo. Ele dá testemunho da sua veste, que é a veste do Evangelho. Então nos revestiu do evangelho, da palavra de Deus e difundimos esse testemunho na sociedade”, considerou ela.
A leiga Carla Tenório, que é da comunidade Católica Shalom, também esteve presente nas celebrações de Cristo Rei. Ela ressalta a beleza de uma igreja reunida para reconhecer que Jesus é o Rei na vida de todos.
“Nos mostra realmente que nossa igreja é muito rica, enquanto cristãos, enquanto o povo de Deus, saber que ele é o Rei de nossas vidas. Reconhecê-lo cada vez mais como o Rei de nossas vidas e ver o quanto é belo toda igreja reunida, celebrando esse dia, com calor no coração, com certeza que somos salvos por ele, que ele é o Senhor de nossa história, de nossa vida, e que nada somos. Bendita seja Deus por essa oportunidade, como leiga consagrada, como povo de Deus, como cristã, estar aqui unida com a igreja, vivendo essa riqueza. Bendito Seja Deus”, afirmou ela.
A celebração de Cristo Rei, em Maceió, iniciou com uma acolhida e animação. Em seguida, os fiéis puderam assistir à pregação de Eliane Noronha sobre esperança e perseverança na oração. Depois de um intervalo, cristãos leigos e leigas deram seu testemunho da esperança numa igreja sinodal. O Encontro foi finalizado com a Santa Missa presidida por Dom Beto e concelebrada por Padres de várias Paróquia da Cidade.
Cristo Rei
A solenidade de Cristo Rei foi instituída em 1925 pelo Papa Pio XI. Aquele era um ano Jubilar e o representante da Igreja Católica emitiu a Carta Encíclica “Quas Primas” em que fez inúmeras referências a Cristo como o Rei do Universo e que o reconhecimento do Reino de Deus era o caminho para a salvação, a paz, a verdade e a Justiça.
“Portanto, já que este ano jubilar, em mais de uma ocasião, contribuiu para pôr em realce o Reino de Cristo, julgamos cumprir um dos atos mais próprios do Nosso ofício apostólico se, acedendo às súplicas, assim individuais como coletivas, de numerosos Cardeais, Bispos ou fiéis, encerrarmos este ano introduzindo na liturgia da Igreja uma festa especial em honra de Nosso Senhor Jesus Cristo Rei”, diz parte do documento do Papa Pio XI.
O ano Jubilar de 1925 também coincidiu com as comemorações do 16º centenário do Concílio de Niceia, onde Cristo foi definido como divindade contra as heresias de Ario. Esse Concílio inseriu também as seguintes palavras de fé a Cristo: “Cujo reino não terá fim”.