A canonização de Irmã Dulce, agora Santa Dulce dos Pobres, ocorrida este mês, ganhou um sentido especial para os maceioenses. O “Anjo Bom da Bahia” já possui um santuário que leva o seu nome, junto com João Paulo II, e padroeira de uma futura paróquia na Arquidiocese.
A freira brasileira que dedicou sua vida à caridade, tornou-se santa numa cerimônia conduzida pelo papa Francisco, no Vaticano, no último dia 13.
No dia que a padroeira foi canonizada a comunidade da futura paróquia que levam o nome da santa baiana, foi às ruas do Clima Bom, em procissão em homenagem a ela. O exemplo de vida da santa mexia com os fieis que participaram do momento, emocionados. Eles esperam confiantes que a igreja dedicada à Santa dos Pobres seja declarada oficialmente paróquia em breve.
No final de novembro de 2013, Padre Bacilon Monteiro, na época padre da Paróquia de São João Maria Vianney no Clima Bom I, recebeu uma imagem e uma relíquia de Irmã Dulce vindas diretamente de Salvador.
No coração do arcebispo Dom Antônio Muniz já havia surgido a ideia da criação de uma área pastoral e que se tornaria uma paróquia para atender as necessidades da região que aumentou em população nos últimos anos, criando assim a área pastoral Irmã Dulce.
Em abril de 2015, Pe. Edmilson Soares é apresentado como vigário paroquial, assumindo a área pastoral composta pelas quatro comunidades: Comunidade de São João Bosco, Comunidade de Nossa Senhora das Dores, Santuário de Mãe Rainha (Matriz Provisória) e a capela de Santa Dulce que fica na área em torno de onde está sendo construída a futura matriz.
O nome da santa brasileira invocou ao menos dois milagres que foram reconhecidos pela Igreja Católica. Em 2001, a sergipana Claudia Cristina dos Santos pediu a intercessão da religiosa para cessar uma hemorragia depois de 18 horas do parto de seu segundo filho. Foi atendida. Em 2014, o músico baiano José Maurício Moreira recobrou a visão depois de 14 anos de cegueira derivada de um glaucoma, após pedir a intercessão da agora santa Dulce. Moreira esteve presente na celebração e foi saudado pelo papa Francisco.
Maria Rita de Sousa Brito Lopes Pontes, nome de batismo da santa, abraçou a vida religiosa aos 18 anos e a caridade aos 12, quando uma tia levou-a para conhecer a favela dos Alagados, em Salvador. Foi quando decidiu alimentar os pobres a ajudar aos enfermos na porta de casa.
Décadas depois, as doações ajudaram na construção de complexo hospitalar e um orfanato e que beneficiam a mais de três milhões de pessoas anualmente.
Já é famoso o episódio relatado pelo jornalista baiano Jorge Gauthier no livro-reportagem Irmã Dulce: Os Milagres pela Fé em que um lojista cuspiu na palma da mão estendida da freira por recusar seu pedido de doação. A santa Dulce teria, então, estendido a mão limpa e explicado que a outra palma continuava livre para receber a ajuda aos pobres.
Depois de dez anos atendendo doentes na rua e de ocupar propriedades públicas e privadas para realizar seu trabalho —tendo vivido um jogo de gato e rato com a prefeitura de Salvador, que a expulsava dos terrenos—, a freira decidiu matar as galinhas do galinheiro de seu convento, tapar as paredes com compensado e instalar estrados e colchões para abrigar 70 doentes.
Durante a missa de canonização de Irmã Dulce, o Papa Francisco afirmou que essas pessoas que se dedicam ao serviço dos mais pobres na vida religiosa fizeram “um caminho de amor nas periferias existenciais do mundo”.
Francisco disse que, como os leprosos citados nos textos bíblicos, “todos nós precisamos de cura” e somente Jesus oferece essa cura. Por isso, segundo ele, é preciso rezar, pois “a oração é o remédio da alma”.
Além disso, Francisco comentou que é preciso “caminhar juntos” na fé, e não de forma isolada, e acompanhar os “que se perderam no caminho”. Os santos canonizados neste domingo levaram ao mundo essa mensagem, declarou.