[ARTIGO] Covid-19 e Semana Santa (II)

Tríduo Pascal
Na Quinta Feira Santa, em plena comunhão com a Igreja na sua face católica, o rosto próprio de cada Igreja Diocesana é celebrado com a renovação das Promessas Sacerdotais, na Celebração da Bênção dos Santos Óleos dos Catecúmenos e dos Enfermos e a Consagração do Óleo do Crisma. A presença do Bispo, que preside a Celebração, em comunhão com os Presbíteros e Diáconos, simboliza e realiza a união, a unidade preconizada por Jesus, em sua Oração Sacerdotal.
Diante da suspensão das celebrações com a participação dos fiéis, em razão da pandemia do Covid-19, a critério do Bispo diocesano e do presbitério, esse rito pode contar com uma participação representativa de presbíteros ou ser celebrado em outro momento.
Missa da Ceia
“Nesta missa, realiza-se a Cerimônia do Lava-pés, em que o celebrante recorda o gesto de Cristo, que lavou os pés dos seus apóstolos.” Para a celebração deste ano, seguindo a orientação da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, Bispos diocesanos orientam os sacerdotes a suprimir esse gesto, ante a necessidade de se preservar a distância básica de cerca de dois metros entre as pessoas.
Instituição da Eucaristia e Instituição do Sacerdócio
Na Missa da Ceia do Senhor, a comunidade vive a Páscoa da Nova Aliança porque Jesus, ao invés da carne e sangue de cordeiro, se oferece ao Pai em sacrifício, transforma o pão no seu Corpo e o vinho no seu Sangue. Esse é o “mistério da fé!”, essa é a prova maior do amor de Cristo – dar-se, ele mesmo, em alimento aos seus irmãos e irmãs, seus discípulos e discípulas. Na celebração da Páscoa da Nova Aliança, Jesus institui os Sacramentos da Eucaristia e da Ordem. Com efeito, Jesus, contemporaneamente à instituição da Eucaristia, conferiu esse poder aos apóstolos – “Fazei isto em memória de mim” – instituindo, assim, o Sacramento da Ordem. O sacerdócio católico, em razão de sua origem, tem uma raiz apostólica. Em decorrência do mandado recebido – “Fazei isto em memória de mim – , os ministros ordenados, no grau presbiteral, por força do Sacerdócio Apostólico, exercem seu ministério, ao longo dos milênios, em todas as nações.
Sexta Feira Santa
A face do sofrimento está intimamente associada ao sofrimento cruento de Cristo na Sexta Feira Santa, a dor da traição, da negação e a experiência do abandono do povo e de muitos dos seus amigos tornaram sua Paixão extremamente dolorosa. O silêncio causado pela morte de Cristo fala da sensação de vazio da mente, da sensação de lacuna do coração dos discípulos e discípulas. O mistério do sofrimento, do mistério da cruz é causa de salvação, como anunciavam os profetas.
Através de muitas linguagens, as dores e os sofrimentos de Jesus, em sua Paixão e Morte, falarão à mente, ao coração e aos lábios dos fiéis, diante da gravidade e extensão das dores e sofrimentos do povo, profundamente atingido pelo coronavírus. Na Via Crucis de Jesus, Simão Cireneu aliviou o seu sofrimento ao carregar a sua Cruz. Na Sexta Feira Santa de cada ano, nas paróquias e comunidades, nos momentos celebrativos, nas caminhadas penitenciais, na Via Sacra sempre se faz referência à pessoa de Simão Cirineu por identificá-lo na pessoa de homens e mulheres que, de muitas maneiras, ajudam familiares, amigos, conhecidos, desconhecidos a carregarem a sua pesada cruz. Nesta Semana Santa de 2020, há muitas pessoas que, no exercício de sua profissão, como médicos, enfermeiros, policiais, prestadores de serviço, voluntários e outras, de forma solidária, dedicam sua experiência e seu tempo à causa de milhares de doentes e de suas famílias. Diante da gravidade do problema, o rosto sofredor da humanidade, desfigurado pelo Covid-19, é apresentado a Deus, na X Prece da Oração Universal:
“Pelos que padecem a pandemia do Covid-19
Oremos ao Deus da vida, salvação do seu povo, para que sejam consolados os que sofrem com a doença e a morte, provocadas pela pandemia do novo coronavirus; fortalecidos os que heroicamente têm cuidado dos enfermos; e inspirados os que se dedicam à pesquisa de uma vacina eficaz.
CP. Ó Deus, nosso refúgio nas dificuldades, força na fraqueza e consolo nas lágrimas, compadecei-vos do vosso povo que padece sob a pandemia, para que encontre finalmente alívio na vossa misericórdia. Por Cristo, nosso Senhor. Amém.”