Franklin Leonardo | Colaborador Pascom Laje
Neste ano de 2022, a célebre e tradicional festa de São José completa o seu 132º aniversário. Depois de mais de dois anos sem poder ser realizada, devido aos decretos de distanciamento social decorrentes da pandemia, o povo católico pôde novamente professar em público a sua fé, mediante a prática de seus ritos sagrados, exercendo-a, com isso, de maneira plena. E esta celebração católica, a qual se sucede por durante nove noites, não tem outra razão de ser senão conservar e reviver essa belíssima tradição que remonta aos primórdios de São José da Laje. Para isso, como de costume, fazem-se presentes os ditos noiteiros, pessoas encarregadas de contribuir com o engrandecimento das novenas. A cada noite, uma categoria de profissionais é chamada a fazer parte da missa, sendo, em seguida, homenageada pela paróquia, que lhes agradece os bons serviços prestados à cidade. Ao fim da missa, os noiteiros se reúnem para confraternizar, jogando bingo e ouvindo música.
Todo o dinheiro que é arrecadado através do bingo e da quermesse, convém lembrar, é destinado às despesas e à conservação da paróquia.
Vale registrar, a despeito disso, que a comunidade católica, da qual faz parte aliás a maioria da população brasileira, tem demonstrado, nestes tempos de revolvimento de valores, um grande empenho pela preservação do legado católico. E os lajenses, por sua vez, como todo o povo cristão, ainda que oprimidos por radicais e quase imperceptíveis revoluções morais que têm agitado a sociedade em geral, puseram-se a unir-se na cruzada espiritual cristã que perdura há séculos, e que, sob o intrépido comando da Santa Igreja, sempre repeliram os avanços dessas hordas de opositores das verdades transcendentais. O povo lajense, neste sentido, consciente de que é necessário que se mantenha viva a tradição da festa de seu santo padroeiro, a cada ano reafirma, desta forma, o seu compromisso com Cristo e com São José, consolidando, assim, festa após festa, a identidade cultural e religiosa que lhe dá feição.
A par disso, deve-se salientar o quão bela e poderosa é a fé católica, cuja manifestação mais vívida provém do fervor religioso de fiéis e devotos – que, com maior ou menor consciência da história da taumaturgia, jamais esquecem os inúmeros milagres de que dá testemunho a Igreja Católica, sendo São José, por seu fundamental papel na vida de Nosso Senhor, o santo a quem mais veneram.
Por último e não menos importante, não podemos deixar de mencionar a bela homenagem da Igreja, a qual se repete todos os anos, às vítimas da terrível enchente ocorrida em 14 de março de 1969, durante a madrugada daquele dia. Infelizmente, a tragédia coincidiu com um dia de celebração religiosa e de festa popular, marcando de forma indelével a memória da cidade.
A maioria dos lajenses, após se refestelar na festa de São José, voltou para casa sem o menor receio: a chuva que caía, mesmo que intermitente, era bem fraca, não despertara os escrúpulos nem dos mais cautelosos e atentos. Entretanto, horas depois, enquanto todos dormiam profundamente, eis que o Rio Canhoto desperta violentamente, avolumado por uma torrente de águas furiosas que, em poucos minutos, invadiu a cidade e saiu destruindo tudo pela frente, derrubando, casa por casa, e arrebatando famílias inteiras, que, pegas desprevenidas, viram-se sem saída, acabando por ser levadas pelas águas do rio feroz.
Neste dia quatorze de março, que marcou tragicamente a história dos lajenses, a Paróquia de São José presta uma homenagem solene à memória daqueles que se foram com as águas da enchente. A igreja, repleta de fiéis, próximo ao fim da missa, assiste à entrada da bandeira do Brasil, carregada, como a tiracolo, pelo instrutor do exército, enquanto escuta, em silêncio, o hino fúnebre em tributo a seus familiares e amigos perdidos naquela catástrofe.
À vista disso, a Paróquia de São José, na pessoa do Padre Ramos, agradece a todos os que fizeram parte da festa e aos que, de uma forma ou de outra, contribuíram para a sua realização.