Paróquia voltada para o trabalho na Educação foi o local escolhido para o evento
Por Marcos Filipe | Pascom Arquidiocesana
A paróquia universitária de Santa Terezinha, no bairro do Farol, acolheu na manhã deste sábado (05), a abertura da Campanha da Fraternidade 2022, na Arquidiocese de Maceió, que tem como tema “Fraternidade e Educação” e o lema “Fala com sabedoria, ensina com amor” (Pr 31,26).
O local foi escolhido devido ao trabalho realizado nas universidades e faculdades que chega a cinco anos de fundação neste mês. Estiveram presentes autoridades públicas do Executivo e Legislativo, além de representantes de escolas católicas, da rede privada e pública de ensino.
O administrador paroquial e coordenador de campanhas da Arquidiocese, Padre Elison Silva, falou sobre o objetivo da CF deste ano.
“Essa é a terceira vez em que o tema é abordado em uma campanha. Impulsionado pelo Pacto Global pela Educação, propondo caminhos para uma Educação mais humana, solidária, que enxergue a pessoa em sua totalidade, e dialogue com o mundo”, disse.
Para ele, a campanha quer relembrar que a Educação deve libertar a alma, o corpo e trazer luz para a sociedade. “Veja o contexto que vivemos. Agitação social, pandemia, conflitos. Precisamos ter políticas públicas, para que a educação seja uma arma poderosa e chegar aos mais pobres e frágeis, e tenham essa esperança de uma vida nova através dela”.
Representando o arcebispo metropolitano, Dom Antônio Muniz, que acompanhou de casa pelas redes sociais, o vigário-geral, Monsenhor José Augusto, chamou a atenção para as lacunas deixadas ao longo dos anos, na Educação.
“Educar é um ato de esperança em ajudar a construir uma humanidade mais compreensiva, com laços maiores de compaixão e compromisso. O Papa Francisco tem insistido nisso, com o pacto mundial pela Educação. Há uma lacuna grande quando deixamos de lado a edificação no cuidado pela vida e pela casa comum”.
O segundo ponto abordado pelo sacerdote, foram os atores da Educação. “O Estado não pode ser o único agente, e nem o único a tomar decisões. Os atores precisam ser diversificados, e o primeiro que precisa resgatar o seu lugar é a família. Estão terceirizando a Educação, a família entrega essa tarefa a terceiros e isso jamais criará uma Educação de verdade. Os valores como o diálogo, a experiência do perdão, a justiça e o olhar para o outro como irmão serão comprometidos”.
Representantes da Educação
O irmão Marista e presidente da Associação Nacional de Educação Católica do Brasil (ANEC), Dener Rodrigues, destacou a situação atual das escolas.
“Temos vividos vários conflitos e de todas as ordens que tangem a Educação. A campanha da fraternidade nos ajudará a superar e iluminar tudo isso, para uma Educação mais humana e fraterna”.
Ele também fez uma homenagem aos professores. “São os tesouros da Educação. O que seriam das nossas crianças, se não fossem eles, que nessa pandemia, mesmo sem entender nada de tecnologia, foram criativos em seus planejamentos”.
Um tesouro chamado Maria das Graças
Depois de todas as falas, eis que surge uma senhora negra, de vestido longo, e um caderninho na mão, que mostrou o seu amor pela sala de aula. Era a professora de educação popular Maria das Graças, que ensina crianças, jovens e adultos, em um assentamento na cidade de Flexeiras.
“Eu sou Maria das Graças da Silva Alves, professora popular de movimentos sociais. Estou já me aposentando. Tenho 23 alunos na turma de jovens e adultos, e no fundamental, 18 crianças. Toda a minha formação e conhecimento vem da Educação popular”. Foi assim que ela se apresentou.
Maria das Graças abriu o coração de educadora, dizendo que não é uma tarefa fácil, mas não impossível. “Tenho duas linhas, a científica, sou formada em pedagogia, e tenho vivência. Por exemplo, de uma criança chegar sem um chinelo, outra com fome, algumas carentes de amor, e nem tanto da escrita e da leitura”.
A educadora diz que tem sua formação também pela Igreja e que isso a fez olhar a diversidade dentro da sala de aula. “Nunca olhei particularidades, sempre entrei tendo a visão do amor, da educação e dedicação pelo ser humano. Quando eu comecei, pensei que ia cair por ver tanto sofrimento. Veio o desafio de como buscar ser educadora de uma comunidade que não tem o que vestir, comer e calçar”.
Com orgulho, a professora fez questão de dizer que tem ex-alunos que hoje estão na Universidade Federal de Alagoas. “Um aluno que mora em um barraco não tem um caráter menor do que aquele que mora em uma palácio. Eu respeito o humano que está na sala de aula. E isso se dá a partir do momento que eu tenho a convicção que preciso me transformar para transformar alguém. Surge a experiência do amor. É com esse sentimento de escutar e se colocar no outro que me faço educadora”, completou.