“[…] A vós suspiramos, gemendo e chorando neste vale de lágrimas.”
A Festa de Nossa Senhora do Bom Parto de 2021 poderá ser a última a ser realizada na sua Igreja Matriz, em Maceió. Em função da exploração do salgema e de outros minérios, realizada pela Braskem, a Igreja do Bom Parto recebeu o selo da mineradora e está prestes, oficialmente, a fechar suas portas, como outras paróquias-irmãs do Setor B, da Arquidiocese de Maceió, em igual situação ou já lacradas. Eis a motivação para organizarmos um convite de despedida, que pudesse ser guardado em porta retrato, por quem ama nossa Paróquia, a única do estado de Alagoas a ter a Mãe do Bom Parto como Padroeira.
A partir daqui, transcrevemos trechos de textos construídos com todo amor pelo Professor Alexandre Emiliano, paroquiano querido e devoto amado de Nossa Senhora do Bom Parto. Ele veio de União dos Palmares com 12 anos para morar no típico bairro operário, que tem sua história ligada ao binômio fábrica-igreja, devido à atividade econômica da Fábrica de Tecidos Alexandria, fechada nos anos de 1960. Numa carta-depoimento, o Professor diz que sua história e fé também estão imbricadas com a da Paróquia de N. Srª. do Bom Parto. Foi na Igreja Matriz,
símbolo que deu nome ao bairro, que aprendeu a tê-la não apenas como templo, donde nunca viu alguém sair de mãos vazia, sempre levava “[…] consigo uma palavra amiga, uma cesta com alimentos, um bilhete do padre endereçado a algum médico conhecido, pedindo que atendesse o portador, e, sobretudo, uma oração”.
Recorda Emiliano que, “[…] em tempos de enchentes, quando a Lagoa Mundaú transbordava, os flagelados buscavam abrigo, alimento, calor e conforto, na casa da Mãe […]”. O Professor lamenta e afirma: “[…] Choro em saber que a casa da Mãe do Menino Deus está sendo atacada, desrespeitada. Choro de dor e de tristeza em saber que não podemos fazer nada e que não temos a quem recorrer. Choro por D. Zezé, D. Corina, D. Beatriz, D. Sebastiana e tantas mulheres e homens que fazem parte da vida e da história desse templo […]. Choro porque ficarei sem a homilia impecável do padre Francisco, que toca a alma e conforta como um recado de Deus […]”.
Em texto de homenagem ao Padre, por ocasião do 16º aniversário de sua ordenação sacerdotal, disse Emiliano: “O senhor (Pe. Francisco Teixeira) ajuda a escrever as linhas, que compõem a narrativa da nossa comunidade.
Esteja certo! Temos sofrido bastante nos últimos anos. Tem sido tempo de provação e dificuldade. Estamos assistindo à extinção do nosso bairro e da nossa Paróquia, de mãos atadas, sem nada podermos fazer.
Paroquianos estão sendo obrigados a largar suas casas, mudar de paróquia, de comunidade. Nesse contexto, o senhor, Padre, permanece firme, ao nosso lado, como pastor atento e zeloso que o é. A nós só nos resta rendermos graças. Graças a Deus e à Virgem por nos terem permitido a alegria de convivermos com o senhor, por nos presentear com um pastor „manso e humilde de coração‟ […]” (GRIFOS DO AUTOR).
Para finalizar, voltemos o olhar ao tema da Festa de nossa Paróquia. Ele reforça a fé e a religiosidade de um povo que tem a Mãe de Deus, como modelo de vida dos que creem, esperam, confiam e amam o Cristo Jesus. Ela que é companheira de caminhada. Com Ela, seguimos em frente, pedindo a Sua intercessão. A Ela “[…] suspiramos, gemendo e chorando neste vale de lágrimas”. Nossa Senhora do Bom Parto, rogai por nós.
Deus seja nossa justiça e nossa esperança.
Artigo feito pelo Pe. Francisco Teixeira e Comunidade.