Entre os dias 15 e 17 de março, a CPT Alagoas realizou mais uma etapa de formação permanente em agroecologia. O projeto é voltado para a capacitação das famílias camponesas acompanhadas pela organização.
A cada etapa, as agricultoras e os agricultores aprendem um pouco mais as práticas agroecológicas de produção de alimentos saudáveis, assim como a importância da convivência em comunidade, trabalhando de forma coletiva, com respeito ao meio ambiente e preservação da natureza.
A metodologia utilizada é a troca de conhecimento entre camponeses e visa evidenciar as experiências das pessoas que fazem parte do coletivo.
No primeiro dia do curso, foram estudadas as práticas de manejo de Sistemas Agroflorestais (SAF), poda e demonstração de uso de maquinários agrícolas de pequeno porte para a agricultura familiar. As atividades aconteceram no lote do camponês José Cícero do Santos, no assentamento Flor do Bosque, localizado no município de Messias, Alagoas.
Protagonismo e autonomia – “Cicinho”, como é conhecido, é agricultor agroecológico, feirante na Feira Orgânica da Praça Centenário, em Maceió. É coordenador do grupo Embaúba, de certificação participativa, que integra agricultores do assentamento Flor do Bosque (Messias), assentamento Rio Bonito (Flexeiras) e agricultores dos municípios de Pilar e Maceió.
O Embaúba, mais outros 7 grupos, compõe o Núcleo Mata do Sistema Participativo de Garantia da Qualidade Orgânica (SPG Bem Viver), o qual a CPT integra como membro colaborador juntamente com outras organizações.
Durante a visita a seu lote, Cicinho socializou sua experiência no manejo de SAFs e demonstrou o uso do triturador de galhos – um equipamento de grande valia no manejo ecológico da unidade de produção. O triturador auxilia no manejo dos resíduos acelerando sua decomposição e incorporação ao solo na forma de matéria orgânica (isto é, ajuda a fazer a cobertura do solo e a compostagem) facilitando o trabalho dos camponeses.
O fomento ao uso de máquinas agrícolas para agricultura familiar é parte do projeto “Tecendo Autonomia Alimentar para a Vida”, executado em rede no estado de Alagoas pela Associação de Agricultores Alternativos (AAGRA), tendo apoio da CPT, Embrapa Alimentos e Territórios e Instituto Mundo Unido (IMU) no núcleo da zona da mata. A proposta é construir a produção agroecológica, fortalecer a Rede Mutum (Articulação Alagoana de Agroecologia), bem como consolidar o Sistema Participativo de Garantia (SPG) Bem Viver.
Através desse projeto, cada um dos 3 núcleos do SPG Bem Viver (zona da mata, agreste e sertão) recebeu um kit de mecanização agrícola contendo um triturador de galhos, um micro trator e seus equipamentos (enxada rotativa e carroça), roçadeira e motosserra, que serão utilizados em capacitações e nas unidades produtivas pelos membros fornecedores e colaboradores.
A iniciativa faz parte do programa de Programa de Fortalecimento de Redes de Produção Orgânica, Agroecologia e Extrativismo (Ecoforte), com recurso da Fundação Banco do Brasil (FBB) e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Formação permanente – No dia seguinte, 16, ocorreu a visita ao Serviço de Tecnologia Alternativa (Serta), no município de Glória do Goitá, em Pernambuco. Essa organização foi fundada em 1989 a partir de um grupo de agricultores, técnicos e educadores. O foco é o desenvolvimento e reconhecimento da importância da agricultura familiar.
O último dia de atividade, 17, de volta do assentamento Flor do Bosque, contou com prática de manejo de frutíferas no lote do camponês e agente da pastoral Jailson Tenório, o Careca, que, assim como Cicinho, faz parte da OCS (Organização de Controle Social) da comunidade e compõe o Cadastro Nacional de Produtores Orgânicos do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Na sequência, houve o planejamento das próximas etapas da capacitação. A próxima etapa está prevista para os dias 18 e 19 de abril.