Santa Missa marca despedida das atividades na igreja Nossa Senhora do Bom Parto

*Por Rose Lino | Pascom Arquidiocesana

com colaboração do seminarista Elivelton

(Fotos: Fachada igreja matriz/Rodrigo Lins|| Foto antiga- Arquivo histórico|| Demais fotos – Lais Sandes )

No último domingo, dia 31 de outubro, foi celebrada a última missa na Igreja Nossa Senhora do Bom Parto no bairro Cambona. O referido bairro como o Pinheiro, Bebedouro e Mutange, foi vítima do acidente provocado por anos de perfuração do solo da cidade de Maceió pela Mineradora Braskem.
A Santa Missa foi presidida pelo Cônego Claudinier José (padre Zezinho) e concelebrada pelo Pe. Francisco Teixeira pároco da referida Paróquia. A Igreja ficou repleta de paroquianos e devotos de Nossa Senhora do Bom Parto.

“A Igreja de Nossa Senhora do bom parto, tem a sua menção na história e nos mais antigos documentos da HB cidade, sendo ela datada do ano de 1845, era tida como uma pequena capela dedicada a Nossa Senhora do Bom Parto.
Os templos religiosos como de costume já ocupavam o seu lugar na história do povo, desenvolvendo assim sua importância religiosa para a fé dos que ali moravam. Segundo o antigo registro gráfico de Maceió, datado de 1859, a capela já possuía a sua existência, meados do século XIX, no mapa já constava: “Igreja do Bom Parto”. Dez anos depois a referencia a capela aparece no Jornal O beija Flor de 24 de dezembro de 1969, onde cita que o templo foi o lugar da terceira Missa do Padre Antônio José da Costa, também no no Almanak da Província das Alagoas de 1878 também está registrada na página 75, onde estão relacionados os templos da capital: “Nossa Senhora do Bom Parto, (pequena capela na Cambona)”.

Um dos registros que se conta vem do Orbe de 28 de setembro de 1898, onde informava que no domingo anterior houve o encerramento da festividade em honra a Nossa Senhora do Bom Parto, que aconteceu as 10horas do dia. O periódico anunciava que naquela data já se achavam concluídas “as obras da capela de N. S. do Bom Parto, ereta no lugar do mesmo nome. Consta-nos que na noite de Natal haverá missa”. Novo registro sobre obras no templo foi publicado em 6 de maio de 1911 no Gutenberg. Revelava que Euclides Malta viabilizou os recursos para “as obras das igrejas do Bom Parto e do Livramento”. Essa informação consta no relatório apresentado pelo governador na abertura dos trabalhos legislativos daquele ano, em 2 de maio.

No dia 08 de setembro de 1949 pelas mãos de Dom Ranulpho da Silva Farias, arcebispo metropolitano de Maceió da época, nascia a Paróquia de Nossa Senhora do Bom Parto. A paróquia foi criada em um bairro de operários, que tinha na época a fábrica Alexandria, pertencente à família Mário Lobo Zagallo. Maceió começava a se expandir para outras localidades, e o bairro do Bom Parto era um exemplo disso. Em seu princípio o bairro bom partense possuía cooperativas, sindicatos, delegacias, refeitório, feira livre e à associação atlética Alexandrina. A posse de seu primeiro vigário, frei Egídio de Sarroch OFM Cap., aconteceu no dia 11 de setembro de 1949.

A comunidade de fieis iniciou com um trabalho evangelizador do Apostolado da Oração, JOC (Juventude Operária Católica), Associação Nossa Senhora do Bom Parto, Cruzada Eucarística, Santo Anjos, Pia união dos filhos de Maria (criado em 11 de maio de 1941) entre outros. Eles realizavam trabalhos como a reza do terço, participação na Santa Missa, reuniões, faziam limpezas e ajudavam nos dias da festa da padroeira; desses grupos, o único que persevera até hoje é o Apostolado da Oração.

O Padre Francisco Teixeira revela que a paróquia foi fundada em função da vila operária. “Na fábrica tinham muitos operários da região do Moinho Motrisa, e Brandini, atualmente bairro da Cambona, por isso a paróquia foi criada, para assistência religiosa e catequética, sobretudo dos funcionários da fábrica Alexandria”. No dia 08 de janeiro de 1951, quem assumiu a Paróquia foi o segundo vigário, Pe. José Brandão Lima, até o dia de seu atropelamento, o fato aconteceu quando o padre se dirigia para celebrar a Santa Missa. Daí então assumiu como vigário substituto o Pe. Luiz M. Marinho, ficando à frente até março de 1959.

“A paróquia em si é muita antiga, sofreu muitas reformas e não conserva muito de sua originalidade, o que sabemos é que bem antes de 1949 a capelania já existia, fala-se que no final século XIX já estava dedicada a Nossa Senhora do Bom Parto, a veneração é uma devoção europeia vinda da França, através das mulheres parturientes (gestantes) que neste momento lembravam de Nossa Senhora do bom parto, assim como nossa senhora teve o seu bom parto (Jesus nosso senhor) daí vem a devoção da comunidade e por estes motivos o bairro carrega o nome da santa” explicou Padre Francisco Teixeira.

No dia 13 de março de 1959, tomou posse o novo vigário, Pe. Celso Alípio, se fazendo presente apenas dois meses, até que foi substituído pelo Pe. Humberto Cavalcante, este permaneceu até quando a Paróquia foi entregue aos cuidados da Ordem dos Frades Menores (OFM), em 1964, vale constar aqui alguns nome dos frades que passaram nesta paróquia como: Frei Francisco Bruno, Frei Egídio, Frei Antônio Carlos, Frei Raimundo (onde existe um centro pastoral que carrega o seu nome) entre outros que se doaram a serviço desta comunidade. Posteriormente a partir de 2002 a Paróquia voltou à jurisdição do clero arquidiocesano, passaram ainda pelo Bom Parto, Pe. João César, e Petrucio Santos tendo por seu atual Administrador Paroquial Pe. Francisco Teixeira da Assunção, desde 2007, que permaneceu até o momento atual do desastre causado pela Mineradora Braskem, rezando e sustentando a fé daqueles que ficaram abalados pelas dificuldades presentes”.

Ouvimos também alguns paroquianos entre eles a Martha Lima que é um membro atuante em vários grupos e pastorais da paróquia inclusive do Ministério de Música. Ela fala da tristeza desse dia em celebrar a última missa na Paróquia Nossa Senhora do Bom Parto e diz que “O dia de hoje está sendo muito triste para toda a comunidade. A Paróquia deixa um legado muito grande é como se estivéssemos passando por um despejo. O bairro está deserto e sair daqui nós tira o chão. Tudo que aconteceu é desolador e por isso fiz essa homenagem para a paróquia através da música”.

A Raíssa Beatriz de 17 anos, catequista, membro do MEJ da paróquia há pouco mais de 3 anos diz que “A palavra que define esta Paróquia sempre foi e será a ACOLHIDA. Fui bem acolhida, fui instruída no meu processo de conversão, e até agora vejo e sinto essa assistência tanto pelos paroquianos quanto pelo nosso pároco Pe. Francisco. Essa situação nos entristece muito. Temos que sair daqui mesmo sabendo que esse espaço é só matéria, o que importa é o nosso coração mas, é um lugar que tem história, independente de acabar ou não a história fica. Em meio a dor ou a alegria nós vímos a face de Cristo, pois o padre Francisco nos ensinou a nos alegrarmos em Cristo independente da situação. Então, sair daqui, desse lugar que nos acolheu e nos fez crescer na fé e enquanto pessoa é muito triste, mas tudo passa e o amor de Cristo permanece. Que a Virgem do Bom Parto continue intercedendo por nós”.

Maria José dos Santos de Lima que é moradora do bairro desde os 14 anos e e bastante envolvida com a paróquia fala: “Meu sentimento é como participar de um enterro de um familiar e o caixão estar sendo fechado. E nesse momento eu gostaria de deixar registrado que o padre Francisco tem de mim e da comunidade um carinho muito especial. Ele sempre esteve presente nos momentos mais difíceis que passamos. Que Deus o abençoe sempre e que possamos continuar com as graças de Deus”.

Fontes:https://www.historiadealagoas.com.br/bom-parto-da-paroquia-do-padre-brandao-lima-e-da-fabrica-alexandria.html

Livro de Tombo da Paróquia