Janeiro branco: a vida pede equilíbrio

Por VaticanNews.va

Robson Ribeiro de Oliveira Castro Chaves – Professor e Teólogo

Devemos ter cuidado com a vida, respeitar o próximo. Em tempos de um contexto em que o ser humano é descartável vivemos relações que só visam o lucro. O Papa Francisco nos convoca a refletir sobre a condição do ser humano e sua essencial característica: a relação com o outro.

 

Em 2023, o tema  do Movimento Janeiro Branco não poderia ser outro: A vida pede equilíbrio! O Janeiro Branco é um movimento social dedicado à construção de uma cultura da Saúde Mental na humanidade. O primeiro mês do ano é de fato o que inspira essa campanha pois ele nos dá a condição de refletir acerca de nossas vidas, nossas relações, dos sentidos que cada uma delas possuem, do passado que vivemos e dos objetivos que desejamos alcançar no ano que se inicia.

Devemos ter cuidado com a vida, respeitar o próximo. Em tempos de um contexto em que o ser humano é descartável vivemos relações que só visam o lucro. O Papa Francisco nos convoca a refletir sobre a condição do ser humano e sua essencial característica: a relação com o outro, desta forma, na Encíclica Laudato si’ sobre o cuidado com a casa comum, ou seja, o cuidado com o planeta e todos os seres que vivos, ele nos apresenta a preocupação com o modo como a humanidade vive hoje sob o poder tecnológico e que o ser humano se tornou um mero objeto a ser possuído, dominado e consumido pelo poder (cf. LS, 106).

Assim, com a necessária relação entre os seres, vivemos em uma sociedade imersa no egoísmo, na ganância e no narcisismo. Para tanto é urgente confirmar a convocação a uma ética do cuidado e do zelo pelo próximo, pois, ao se falar de vidas humanas, todos os esforços devem ser colocados em prática para salvar. Essa concepção de cuidado, é essencial na construção de uma sociedade mais autentica e comprometida. Destarte é essencial que saibamos discernir a construção de uma identidade para a reflexão de uma responsabilidade associada a capacidade de cada um em assumir as consequências de suas opções e também de refletir sobre o cuidado e o zelo pelo outro.

É preciso nos apoiar na realidade, encarar o que estamos vivendo. Não podemos deixar   o egoísmo e o individualismo tomar conta de nossas relações. Como diria Paulo Freire, educador brasileiro, é preciso ter esperança, mas ter esperança do verbo esperançar; ou seja: se levantar, ir atrás, construir, não desistir!  Em síntese, esperançar é ter fé na vida.

Com isso, devemos fazer algo diferente, devemos ser responsáveis e íntegros em nossas escolhas. Diante dos desafios, somos chamados a nos colocar no processo de reinvenção do cotidiano. Um mundo realmente novo só será possível sob a condição de sermos responsáveis por ajudar a construir a mudança que esperamos e de ousar em construir este mundo de transformação e esperança. A realidade atual vivenciada por nós é um convite a olhar para o nosso caminho e recriar esperança e gestar uma realidade nova, novos projetos e outro jeito de viver: mais humano, mais ético e solidário.

Sendo assim, somos convocados a pensar sobre a nossa vocação à solidariedade que nos dá condições de refletir sobre a realidade humana, seu contexto e, principalmente, os desafios da convivência. Assim é preciso manter a chama da esperança viva, essa esperança de uma consciência humana em algo que é maior: o bem de todos e todas. É preciso, urgentemente, se fazer ouvir e articular o maior crescimento da consciência humana sobre o que é ser humano e como vivenciar, de forma saudável, nossas relações. Que neste janeiro possamos avaliar nossas condutas e nossas relações para conviver em uma humanidade mais saudável e que respeite à condição psicológica de todos!

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