Aberto de quarta-feira a domingo ao público, o local reúne arte, cultura e fé . Confira os valores no final da matéria
Marcos Filipe / Pascom Arquidiocese
Quem chega à cidade de Marechal Deodoro, litoral sul do Estado, é recepcionado pelo ar colonial que a região respira, e uma das paradas obrigatórias para o visitante é o Complexo Franciscano.
Chegamos próximo às 10h, em pleno início do Verão, e ao se aproximar do complexo encontramos as Igrejas de São Benedito e Santa Maria Madalena, e ao lado Museu Arquidiocesano de Artes Sacras Dom Ranulpho, ao qual iremos visitar. Juntos, parecem imagens que acabaram de sair de um livro de história.
Na entrada somos recepcionados pela equipe de acolhida e Padre Luciano Duarte, responsável pelo Seminário São João XXIII, e vice-diretor do museu. Ele é que será o nosso guia nessa visita ao local.
“Cheguei em 2017 para assumir o seminário e consequentemente o complexo. Quando cheguei, o museu ainda não estava com essa apresentação, pois faltava a terceira etapa do projeto que era a requalificação expográfica, a adaptação e modernização do espaço, transformando o ambiente para uma nova apresentação”, iniciou a conversa.
Para a última etapa, o museu contou com a ajuda do arcebispo, Dom Antônio Muniz, que remanejou as peças para outros lugares, onde ficaram guardadas enquanto estre trabalho ocorria, fechando temporariamente as visitas.
“Até que em 19 de julho deste ano, reabriu com a nova exposição, a todo vapor”, brincou o sacerdote, lembrando da parceria feita com IPHAN.
As pessoas que chegam hoje ao museu encontram peças sacras do século XVIII, XIV e XX; além de um acervo que foi incrementado por Dom Antônio com indumentárias, vasos sagrados, terços, peças que não estavam antes.
O museu Arquidiocesano de Artes Sacra Dom Ranulpho traz dois pontos importantes para Alagoas, uma religiosa e outra cultural.
“É um dos grandes museus de arte sacra que precisa ser conhecido pelos próprios alagoanos, e que as pessoas de fora sempre elogiam. É nele que está a memória religiosa do nosso Estado, da Arquidiocese, e de Marechal. Voltamos as raízes de nossa religiosidade, e a sala das procissões é um exemplo disso. É uma peregrinação, um momento de fé, onde tudo aqui fala ao coração de quem tem fé”, falou sobre a primeira.
Já do ponto de vista cultural o padre falou sobre os apreciadores. “Para quem gosta, temos marcas do barroco, do rococó, e saber as raízes da arquitetura”.
O museu conta com diversos espaços, como uma sala multimídia para encontros, e novos ambientes temáticos.
Perguntamos ao sacerdote qual o espaço que ela mais gosta, ele disse que gostava de todos, dizendo que o local chama a oração, mas aos poucos, ele foi entregando que a Sala da Paixão, toca o seu coração. “Temos uma bonita visão da Lagoa Manguaba e peça que considero a mais bonita do museu, o Crucificado. Muita gente gosta de rezar diante dela”.
O local fica aberto de quarta a domingo das 10h às 16h, e o padre fez um convite especial para os leitores do O Semeador. “Venham visitar, vale a pena. É uma riqueza da nossa Arquidiocese, conhecer um pouco da nossa história religiosa, da qual somos herdeiros. As Paróquias podem agendar visitas, fazer um dia de espiritualidade, e estaremos de portas abertas para apresentar esse tesouro arquitetônico, cultural e religioso”.
O museu espera os visitantes com uma equipe de sete funcionários que devidamente capacitados ajudam durante a visita. É o caso do Fernando Cavalcante e Sérgio Alexandre, monitores há um ano e oito meses.
“A experiência enriquecedora, pois traz o valor histórico e religioso para nós, como católicos”, expôs Fernando.
Diariamente, os funcionários chegam às 8h30 e organizam todo o espaço, para às 10h abrirem as portas aos visitantes.
“Temos público variado, desde paróquias e fieis de todo o Brasil, grupo de estudantes e os turistas em geral, sempre atendendo as necessidades específicas de cada um”, completou o rapaz.
Arquitetura e Artes reunidos em um só lugar
O conjunto arquitetônico do museu logo se destaca por conservar o espírito barroco da arquitetura religiosa luzitana. Aberto ao público em 5 de agosto de 1984, ainda com o nome de Museu de Arte Sacra de Alagoas reúne todo o acervo sacro da primeira cidade alagoana, num ambiente que transpira ares medievais e mantém, séculos após sua criação, a elegância e harmonia do estilo rococó.
Seu acervo possui peças em ouro, prata, madeira policromada e barro dos séculos XVII, XVIII e XIX. Peças como o Cristo Crucificado e o Cristo Morto, do século XVIII, chamam a atenção dos visitantes para a coleção de esculturas cristãs, verdadeiras preciosidades. Entre elas, destacam-se as imagens dos santos-de-roca (bonecos que têm o rosto esculpido e cujo corpo é uma estrutura de madeira coberta por roupas) da qual Nossa Senhora do Rosário ganhou uma representação.
Partindo de um saguão que destaca o mobiliário de época usada em sacristias e palácios episcopais, o visitante pode contemplar, ao longo de cinco salas sucessivas, raríssimas imagens que representam as venerações mais presentes da vida cristã alagoana – São Benedito, Divina Pastora, Nossa Senhora do Rosário, Santo Antônio e muitas outras. Juntas aos objetos de ourivesaria litúrgica e cristã, em ouro e prata, compõem um conjunto de singular beleza e preciosidade.
No grupo de imagens alusivas aos Passos da Paixão, destaca-se o Senhor Morto (século XVIII) pela excelência do trabalho escultórico e a mobilidade dos braços, como também por ser o único santo do pau-oco existente no acervo. Além das citadas, podemos destacar uma outra raridade do século XVII: Nossa Senhora do Ó, sendo esta a peça mais antiga do museu. Merecem destaque ainda a imagem de Nossa Senhora da Conceição e São Francisco – as duas únicas esculturas de terra cota policromada.
Serviço: Museu de Arte Sacra Dom Ranulpho Endereço: Centro Histórico de Marechal Deodoro/AL Horário de Funcionamento: Quarta a Domingo – 10h às 16h Valores: Inteira – R$10 Estudante e Idoso (acima de 60 anos): R$5,00 (mediante apresentação de comprovante) Crianças até 07 anos não pagam Crianças de 08 à 12 anos: R$5,00 |