“Jesus manso e humilde de coração, fazei o nosso coração semelhante ao vosso”
[ARTIGO]
Sérgio Ricardo | Diácono da Arquidiocese de Maceió
Neste dia 19 de Junho a Igreja celebra a solenidade do Sagrado Coração de Jesus. Esta é uma daquelas festividades móveis do calendário cristão. Ela ocorre sempre na segunda sexta-feira após o Corpus Christi. Nesta solenidade voltamos o olhar para o Coração Misericordiosos de Nosso Senhor Jesus Cristo, vendo nele o amor incomensurável de Deus pela humanidade.
A solenidade foi se estabelecendo gradativamente. Há marcos nesta trajetória do desenvolvimento do culto ao Sagrado Coração: na época patrística, alguns Padres da Igreja tinham sinalizado para esta espiritualidade do lado aberto de Cristo pela lança do soldado. No século XI esta espiritualidade conheceu um florescer; Em 1670, através dos esforços de São João Eudes, na França, foi celebrada pela primeira vez a festa do Sagrado Coração. Em 1856, o Papa Pio IX estabeleceu a festa a Igreja Universal. No calendário litúrgico vigente o Dia do Sagrado Coração está entre as celebrações mais importantes, na categoria de solenidade.
Grande propagação do culto ao Sagrado Coração de Jesus se deu com as aparições de Jesus a santa Margarida Maria de Alacoque. Entre 1673 a 1675, Nosso Senhor fez várias confidências a vidente, instruindo-a sobre os mistérios do seu coração amoroso. Uma das queixas de Jesus era a indiferença e a frieza com que era tratado pelos homens: “Eis o coração que tem amado tanto os homens a ponto de nada poupar até exaurir-se e consumir-se para demonstrar-lhe o seu amor. E em reconhecimento não recebo senão ingratidão da maior parte deles”.
Na época, grassava a heresia do jansenismo, que como uma peste se espalhava pelo mundo católico. O jansenismo possuía uma visão deturpada de Deus, vendo-o como implacável juiz, tirano patrão. Isto além de falsear a imagem de Deus misericordioso, tinha um efeito deletério na vida prática cristã: as pessoas desanimadas se afastavam de Deus.
A mensagem do Coração de Jesus vem recordar que Deus é um Pai amoroso, que ama os homens ao ponto de enviar seu Filho para, morrendo na cruz, nos salvar. Ela vem recordar que um oásis infinito de misericórdia está acessível aos pecadores. O homem, pecador arrependido, não precisa temer, viver paralisado sob a ameaça de um terrível juízo divino, ele tem em Jesus um amigo que o perdoa, transforma e ajuda a reparar as faltas cometidas contra o seu amor. O Coração de Cristo é a prova suficiente de que Deus nos ama e não desiste de nós.
A contemplação do amor expresso nesta solenidade deve fazer com que também nós anelemos a possuir um coração semelhante ao de Jesus. Ela nos incita a suplicar o dom do Espírito Santo em nós para nos conformar Àquele Coração que nos cativa, que é nosso encanto.
Que neste dia festivo, você caro leitor, querida leitora, possa renovar a sua confiança em Jesus. Possa ainda experimentar a doçura da sua misericórdia. Em meio as crises, as decepções da vida, sabermos que temos um oásis de amor a nossa disposição nos torna mais firmes e animados. Aproveitamos a ocasião para convidar a você neste dia para rezar pelos sacerdotes, os ministros da misericórdia divina na Igreja e no mundo. Como bem dizia São João Maria Vianney: “o Sacerdote é o amor do Coração de Jesus”. De resto, convém fazer nossa a prece tão querida pelo nosso povo: Jesus manso e humilde de coração, fazei o nosso coração semelhante ao vosso.