Pastorais e organismos da Arquidiocese de Maceió realizam Seminário Sávio Almeida – Fraternidade e Fome nesta quinta-feira, 27

Por Lara Tapety/Ascom CPT

 

Nesta quinta-feira, às 18h, acontece o Seminário Sávio Almeida – Fraternidade e Fome. Realizado pelas pastorais sociais e organismos da Arquidiocese de Maceió, o evento faz referência à Campanha da Fraternidade 2023 e acontecerá no auditório do Seminário Arquidiocesano de Maceió.

Para palestrar, foram convidados o professor e educador Cícero Albuquerque e a professora e pesquisadora Luciana Caetano, ambos da Universidade Federal de Alagoas (Ufal).

“Fraternidade e fome” é o tema da Campanha da Fraternidade 2023. O lema deste ano é uma ordem de Jesus aos seus discípulos: “Dai-lhes vós mesmos de comer” (Mt 14,16). O objetivo é sensibilizar a sociedade e a Igreja para enfrentarem o flagelo da fome, sofrido por uma multidão de irmãos e irmãs, por meio de compromissos que transformem esta realidade a partir do Evangelho de Jesus Cristo.

A iniciativa encabeçada pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) destaca que Jesus não foi indiferente e não dispensou a multidão faminta, ao contrário, ele tinha compaixão e a acolheu. Jesus não alimentava somente o corpo, mas o espírito das pessoas. Ele ensinou os discípulos a assumirem responsabilidade pelos irmãos e que o valor da partilha supera a lógica do individualismo.

É a terceira vez que a Igreja Católica no Brasil enfrenta o flagelo da fome em sua Campanha da Fraternidade. A primeira foi em 1975, com o tema “Fraternidade é repartir” e o lema “Repartir o pão”; a segunda, em 1985, com o tema “Fraternidade e fome” e o lema “Pão para quem tem fome”.

O assunto é retomado agora porque nos últimos anos a realidade da fome no Brasil voltou a ser alarmante: 58,7% dos domicílios vivem com insegurança alimentar e 15,5% dos brasileiros convivem com a fome. Em 2022, o Segundo Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia de Covid-19 no Brasil apontou que 33,1 milhões de pessoas não têm garantido o que comer no país.

A fome assola mais as regiões do Norte e Nordeste. Ela está distribuída da seguinte forma: 25,7% no Norte; 21% no Nordeste; 13,1% no Sudeste; 12,9% no Centro-Oeste e 10% no Sul do país, de acordo com a Rede de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede PENSSAN).

Entre as principais causas da fome estão a estrutura fundiária marcada pelo latifúndio, a política agrícola a serviço da economia, o desemprego e o subemprego, a política salarial injusta, o desmonte de políticas públicas e os comportamentos imorais da população.

A Campanha da Fraternidade discute, ainda, situações agravantes, a exemplo da escassez de água, da aporofobia (ódio aos pobres) e da falta de moradia; e fatores da cultura política que agravam a situação no país.

Como consequências da fome, estão a desestruturação familiar, o aumento da violência doméstica, a perda do sentido da vida, o consumo de alimentos ultraprocessados por serem mais baratos, o déficit cognitivo e motor em crianças e o aumento da criminalidade.

A fome escancara enormes contradições no Brasil. Primeiro, porque o país é um grande produtor de alimentos; segundo, porque a maioria da população é cristã. Se há pessoas passando fome é porque não há partilha das riquezas e daquilo que é produzido: 1% da população detém 50% da riqueza. A fome só tem espaço porque o Evangelho que ensina a caridade a partilha está sendo deixado de lado.

 

Não podemos propor-nos um ideal de santidade que ignore a injustiça deste mundo, onde alguns festejam, gastam folgadamente e reduzem a sua vida às novidades do consumo, ao mesmo tempo que outros se limitam a olhar de fora enquanto a sua vida passa e termina miseravelmente. (Papa Francisco em Gaudete et Exultate, n. 101).

 

A Campanha da Fraternidade, além de trazer essas discussões sobre a necessidade de rupturas de paradigmas, sugere algumas ações individuais para contribuir com a mudança nessa realidade: partilhar o pouco que tem como aqueles que nada tem, abolir o desperdício de alimentos e reaproveitar de modo sustentável, envolve-se em trabalho de voluntariado e assistência social.