[Artigo]
Sérgio Ricardo | Diácono da Arquidiocese de Maceió
Entre os santos festejados no calendário eclesiástico neste mês de Junho temos as duas colunas da Igreja: São Pedro e São Paulo. No dia 29 de junho celebramos o martírio destas duas testemunhas de Cristo. Pedro e Paulo foram martirizados em Roma, sob a perseguição contra os cristãos promovida pelo imperador Nero. Provavelmente eles não forma mortos no mesmo dia. O motivo da perseguição religiosa se deu em decorrência do mecanismo de defesa do imperador; este após incendiar parte da cidade de Roma, num dos seus mirabolantes projetos, e o acontecido suscitar a fúria da População, Nero atribuiu a autoria do malfeito ao emergente grupo cristão presente em Roma. Eis o álibi adequado para gerir a crise de indignação! O resultado todos sabemos: a perseguição em massa dos seguidores de Cristo. Pedro foi crucificado de cabeça para baixo, Paulo foi decapitado.
Mas quem são estas duas testemunhas que seguiram Jesus até o fim, imitando-o tão de perto, ao ponto de terminarem seus dias de forma semelhante ao Senhor? Vejamos.
Simão era judeu, iletrado, irmão de André (Jo 1,40), exercia a profissão de pescador ( Lc 5,3). O evangelho narra o encontro de Jesus com Simão, a quem prometeu mudar seu nome para Pedro (Jo 1,42). na Escritura sempre que ocorreu a mudança de nome é sinal de que a pessoa recebeu uma nova Missão. Simão Pedro exercerá de agora em diante outra forma de pesca: atrair homens para o reinado de Deus. Pedro deixa tudo e vai seguir Jesus, fazendo parte do colégio apostólico. No grupo dos 12, os discípulos mais próximos de Jesus, vemos que Pedro ocupa um lugar de proeminência. Ele é o porta-voz dos apóstolos (Mt 16,16-18; Jo 6,68). Pedro, como todo homem que segue o Senhor, experimenta sua própria limitação: ele não conseguiu ficar vigilante com o mestre na sua agonia (Mt 27,40), até mesmo o negou durante a paixão (Mt 26,72). mas, tocado pela misericórdia divina, reconheceu sua covardia e chorou amargamente ( Mt 26,75).
Depois da ressurreição de Jesus, Pedro foi confirmado como o pastor visível de toda comunidade cristã, o líder dos apóstolos (Jo 21,15-17). Ele é o vigário de Cristo na terra, seus sucessores continuaram com a missão do pastoreio da Igreja universal, são os Papas. Na sua caminhada, o apóstolo evangelizou, enfrentou perseguições, fez viagens apostólicas, deixou duas cartas canônicas, até provar seu amor por Cristo ao derramar seu Sangue pelo Evangelho. A tradição cristã diz que ele mesmo preferiu a forma do seu suplício: crucifixão de cabeça para baixo, porque não era digno de ser crucificado da mesma forma que seu Senhor e Mestre.
Saulo, cujo nome romano era Paulo, era natural de tarso (At 9,11). Trabalhava como fazedor de tendas Um zeloso observante da lei. Desde cedo recebeu esmerada instrução farisaica; no início da caminhada da Igreja, Saulo juntara-se com os perseguidores da nova fé. Sua vida conheceu uma reviravolta quando, no caminho de Damasco, foi encontrado pelo Ressuscitado (At 9,3-5). A partir dali ele passou a crer em Jesus Cristo. Não será mais o perseguidor, mas o entusiasta propagador da fé Cristã. Paulo foi o instrumento que Deus se serviu para evangelizar os pagãos; é considerado o teólogo por excelência dada a sua capacidade em penetrar no mistério de Cristo. Foi um apóstolo infatigável: empreendeu viagens missionárias, fundou diversas comunidades, reanimou a fé de outras tantas; sua pena foi profícua: escreveu 13 cartas que conhecemos, recolhidas no Novo testamento. Paulo tinha o desejo de levar o Evangelho até os confins da terra, morrerá realizando este desejo, sendo decapitado na cidade eterna.
Duas personalidades diferentes, mas que possuíam em comum o amor a Jesus Cristo e ao Evangelho. Dois homens que, com razão, merecem a alcunha de colunas da Igreja. Celebrar os martírios de ambos em um mesmo dia é buscar a inspiração para que a Igreja continue testemunhando ousadamente a Boa-nova da Salvação. Se preciso for, regando-a com seu sangue. A Igreja que justamente vê suas dimensões ad intra e ad extra representadas nestes ilustres Apóstolos. Em Pedro, vemos a organização, o aspecto institucional, aquilo que é visível no mistério da Igreja, a comunhão. Em Paulo, vemos o aspecto carismático da comunidade dos crentes, o ardor missionário.
Que pelo exemplo e intercessão de São Pedro e São Paulo, celebrados festivamente neste 29 de Junho, possamos ser testemunhas de Jesus Cristo, crescendo cada vez mais em comunhão e missão para anunciarmos ao mundo a verdade da nossa fé.