Os jovens seminaristas que vivenciam e buscam uma sólida formação sacerdotal são convidados, já no período de preparação para o ministério, a serem testemunhas do Cristo morto e ressuscitado. Pois aquele que nos atraiu, também nos fez sinais do seu amor e nos escolheu para sermos sinais da sua misericórdia sobre a terra.
Todos os cristãos que experimentam a alegria da boa nova do reino tendem a espalhar esta mensagem de vida aos quatro cantos do mundo, tamanho é o entusiasmo de ter sido tocado pela palavra de Deus. Também com o seminarista, que está inserido no povo de Deus, faz esta experiência. Tal explosão de felicidade é fruto de um contato íntimo com o Deus que manifesta o seu amor no seu Filho Jesus e na força do Espírito Santo derrama a totalidade deste amor sobre nossa humanidade. Aqui está o ponto fundamental, a intimidade com Deus, que nos faz compreender como um seminarista nos dias de hoje pode ser testemunha de uma realidade atemporal, ou seja, que ele não viu, contudo, pela força do Verbo Eterno do Pai, a ele é comunicada.
Os nossos Bispos latino-americanos nos mostraram que uma verdadeira testemunha deve antes aprender a ser, discípulos do Mestre. Por isso que a intimidade com aquele que o ama, torna a nós seminaristas, amigos de Jesus e portanto discípulos. Ora, “não vos chamo mais de servos, mas de amigos, pois o servo não sabe o que faz o seu Senhor.”(Jo 15,15) Amigo, tem intimidade de adentrar ao coração do outro. E este (o amor) é a chave na qual o seminarista dispõe para conhecer o Senhor e como João, recostar seu ouvido no coração do mestre, ouvir a sua frequencia sintonizando também a sua vida no projeto dele. “Aprendei de mim que sou manso e humilde de coração.”(Mt 11,29) E é justamente isso que os seminaristas fazem no período formativo do seminário. O Senhor convida-os para este momento de aprendizado junto a ele.
De fato, somente através da aproximação com o Mestre pela oração, estudo, disciplina e vida fraterna, nos tornamos autênticos discípulos e portanto missionários do reino, anunciado aquele que disse vinde e vede. Ninguém testemunha aquilo que não experimentou. Por isso é urgente e necessária a preparação dos seminaristas para a missão bem como o contato direto com as obras missionárias. Assim como aconteceu na 14ª Experiência Missionária em Janeiro deste ano de 2022 na Arquidiocese de Santarém-PA. Nesta ocasião, dois seminaristas da nossa Arquidiocese participaram deste rico momento junto a outros seminaristas das diversas Arquidioceses, Dioceses e prelazias espalhadas pelo Brasil.
Esta missão Ad Gentes em terras amazônicas nos fez tanto mudar paradigmas e superar preconceitos como também ampliar nosso horizonte de visão do que seja igreja, povo de Deus. Contudo, nos edificam o testemunho de pessoas sedentas da palavra de Deus, porém ao mesmo tempo repletas dele. Sim, é um paradoxo que nos deparamos na missão! Ao pensarmos que somos os evangelizadores, na verdade somos nós os evangelizados.
Portanto descobrimos que não só levamos o Cristo às pessoas, mas o encontramos pois Ele, nelas habitam. Portanto, Jesus, só é manifestado quando estabelecemos a cultura do encontro, pois só ao partir o pão diante dos dois discípulos em Emaús que ele é manifestado.
Artigo feito por: Lucas Henrique Lacerda
